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JORNADAS CIENTÍFICAS DO NISAN 2008/2009<br />
Para não sentir esse medo, procuram-se no outro coincidências<br />
com os próprios pontos de vista, opiniões, critérios éticos, etc. Adotam-<br />
-se estratégias de aproximação, de pertencimento; evita-se destacar as<br />
discrepâncias e evidenciar a discórdia. Evita-se, assim, expressar opiniões<br />
que, supõe-se, não coincidam com as opiniões dominantes.<br />
O modelo de Noelle-Neumann garante que esse acanhamento advém<br />
da busca de adequação que as pessoas s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong>preend<strong>em</strong>, entre<br />
suas opiniões e as que julgam dominantes no universo <strong>em</strong> que estão circulando.<br />
Não cabe perguntar se, de fato, cada um pensa no que diz pensar.<br />
Jamais será possível saber ao certo. Assim, quando se vota <strong>em</strong> alguém<br />
execrado por corrupção, não v<strong>em</strong> ao caso nesse exame saber se<br />
deixou de gostar de fato do candidato; o que importa é que, na hora de<br />
tomar posição a respeito, cada um opera um cálculo de adequação complicado<br />
entre as próprias crenças e os discursos que observa <strong>em</strong> circulação<br />
por onde passa. Havendo incompatibilidade, o jeito é ficar calado.<br />
Mas o que permite a cada pessoa essa adequação entre suas manifestações<br />
e a tal opinião dominante? Essa adequação pressupõe que se conheça<br />
essa opinião dita dominante, ou melhor, que se acredite ter uma noção<br />
clara do que pensa a maioria sobre os t<strong>em</strong>as a respeito dos quais se vai fazer<br />
algum posicionamento. Se não houver essa noção, talvez se possa respeitar,<br />
com menos medo, a espontaneidade dos pontos de vista. Para que se tenha<br />
medo do isolamento, é preciso que a opinião dominante chegue até si. Essa<br />
impressão que se t<strong>em</strong> do que se pensam sobre os outros Noelle-Neumann<br />
chama de “clima de opinião”, a partir do qual as pessoas se ajustam.<br />
Ora, como saber o que pensa a maioria da sociedade – a tal opinião<br />
dominante – se não se conhece, muitas vezes, o que pensam as pessoas<br />
que moram dentro de casa? Fica evidente que não pode ser pelo contato<br />
direto, perguntando a cada um dos que circulam nesse universo. Sobretudo<br />
porque alguns dos t<strong>em</strong>as sobre os quais é preciso se manifestar<br />
transcend<strong>em</strong> a sociedade, são de âmbito internacional.<br />
A pergunta permanece: o que ajudaria a dispor de um clima de opinião<br />
sobre os t<strong>em</strong>as da agenda pública s<strong>em</strong> ter um instituto de pesquisa atrelado