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II JORNADA DE PROPAGANDA DE ALIMENTOS E OBESIDADE...<br />
145<br />
o t<strong>em</strong>po todo? A resposta não poderia ser outra. Os meios de comunicação<br />
fornec<strong>em</strong> muito do que se precisa <strong>para</strong> se viver <strong>em</strong> sociedade e ajustar os<br />
pontos de vista assumidos ao que supostamente pensa o coletivo.<br />
Sobre o silêncio já se falou bastante – talvez seja melhor mesmo<br />
calar –, mas ainda resta entender o que a autora quis dizer com espiral.<br />
O que justifica o recurso da alegoria geométrica? O leitor se l<strong>em</strong>brará<br />
das aulas do ensino médio e terá diante de si um caderno, possivelmente<br />
espiralado. A espiral da geometria caracteriza-se por não ter fim n<strong>em</strong><br />
começo, talvez como os processos sociais e discursivos de definição de<br />
uma s<strong>em</strong>pre mutante opinião pública.<br />
Imagina-se a seguinte situação: os meios de comunicação, diante de<br />
um escândalo político, constro<strong>em</strong> uma imag<strong>em</strong> desfavorável de seu protagonista.<br />
Essa imag<strong>em</strong> será dominante no universo social consumidor dos<br />
produtos desses meios, mas isso não impede que haja, nesse universo, vozes<br />
discordantes. Elas serão minoritárias. Haverá, no entanto, uma tendência<br />
ao silêncio entre os m<strong>em</strong>bros desse grupo minoritário. Quando parte<br />
desse grupo se cala, a opinião discordante, que já era minoritária, torna-se<br />
ainda mais minoritária. O número de silentes será, portanto, maior. Aqueles<br />
que ainda persistir<strong>em</strong>, exprimindo-se favoravelmente ao político, terão<br />
de suportar um ônus social crescente <strong>em</strong> suas tomadas de posição, estarão<br />
cada vez mais isolados e não encontrarão qu<strong>em</strong> lhes dê apoio.<br />
Muitos fatores incid<strong>em</strong> sobre as tomadas de posição pública e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />
sobre o fenômeno da espiral do silêncio. A seguir, dois<br />
deles são destacados: o medo do isolamento e a competência específica<br />
do agente social <strong>para</strong> manifestar-se sobre este ou aquele t<strong>em</strong>a.<br />
O ser humano t<strong>em</strong> horror ao isolamento opinativo. Sustentar uma<br />
opinião contrária à da maioria traz desconforto. Esse medo é generalizado<br />
e comprovado por estatísticas. Para evitar tal isolamento, é preciso<br />
intuir qual é a opinião dominante. Só a percepção relativamente<br />
aguda do que pensam os d<strong>em</strong>ais e <strong>em</strong> qual sentido se deslocam essas<br />
opi niões permite ao ser humano manifestar-se <strong>em</strong> sociedade s<strong>em</strong> suportar<br />
o ônus da reprovação de seus pares. 7