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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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104<br />

removemos <strong>de</strong> seu contexto sócio-cultural<br />

(GRAFF, 1994, p. 29).<br />

A realida<strong>de</strong> das socieda<strong>de</strong>s urbano-industriais, porém, é<br />

inerentemente não equânime; nelas, o acesso à escolarização se dá <strong>de</strong><br />

maneira <strong>de</strong>sigual e acaba perpetuando, assim, essa <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. Sobre<br />

essa questão, Britto (2004, p. 47) afirma que “[...] o atual modo <strong>de</strong><br />

produção econômico e <strong>de</strong> organização político-social do capitalismo<br />

implica processos educativos e formas <strong>de</strong> conhecimento que, por um<br />

lado, são, em sua origem, <strong>de</strong>sigualmente distribuídos e, por outro, atuam<br />

como reprodutores da própria <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>”.<br />

Vóvio (2010, p. 100) pontua que estão implicadas na questão da<br />

alfabetização <strong>de</strong> pessoas jovens e adultas além da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, frisada<br />

por Britto (2003), a dimensão da legitimida<strong>de</strong>. Para a autora, são<br />

intrínsecas ao processo <strong>de</strong> alfabetização “[...] relações operadas entre e<br />

no interior <strong>de</strong> classes e grupos sociais, que evi<strong>de</strong>nciam certos fenômenos<br />

em socieda<strong>de</strong>s letradas”. Esses fenômenos seriam, então, <strong>de</strong> duas<br />

naturezas: primeiramente, a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> na distribuição <strong>de</strong><br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> participação em práticas, competências e artefatos<br />

valorizados; e, em um segundo enfoque, a legitimida<strong>de</strong> da escolarização<br />

e <strong>de</strong> certas práticas <strong>de</strong> uso da escrita como necessárias e altamente<br />

<strong>de</strong>sejáveis a todos. Nesse contexto, políticas públicas têm perpetuado a<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a alfabetização seria a re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong>sses adultos do<br />

aprisionamento a que, em tese, o analfabetismo os condicionaria.<br />

Assim, a escola a quem cabe a função <strong>de</strong> principal agência <strong>de</strong><br />

letramento (KLEIMAN, 2001 [1995]), sobretudo nos entornos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sprivilegiamento socioeconômico, muitas vezes atua como agente <strong>de</strong><br />

exclusão, fomentando a geração do preconceito em relação ao<br />

alfabetismo rudimentar ou ao analfabetismo e, por<br />

<strong>de</strong>negar/<strong>de</strong>sconhecer/silenciar práticas <strong>de</strong> letramento que caracterizam<br />

<strong>de</strong>terminadas populações, termina por afastar essas mesmas populações<br />

dos processos <strong>de</strong> escolarização pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação dos<br />

sujeitos com o i<strong>de</strong>ário escolar, suas <strong>de</strong>mandas e propósitos.<br />

4.3 IMPLICAÇÕES IDENTITÁRIAS DO PROCESSO DE<br />

ALFABETIZAÇÃO<br />

As discussões sobre o papel da escola no embate inclusão<br />

versus exclusão no universo da alfabetização remete a reflexões sobre<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e, por via <strong>de</strong> consequência, a relações existentes (ou que<br />

po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>rivar <strong>de</strong>) entre os universos familiar e escolar, isso porque o

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