Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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sentidos 20 , entre as necessida<strong>de</strong>s dos alunos, entre o propósito dos cursos<br />
e o que tem sido operacionalizado em salas <strong>de</strong> aula com cujos<br />
professores e alunos temos convivido 21 .<br />
Interessou-nos, pois, para as finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta pesquisa, analisar<br />
se o conjunto educacional, objeto do estudo <strong>de</strong> caso que empreen<strong>de</strong>mos,<br />
por meio dos mo<strong>de</strong>los que adotam para a alfabetização <strong>de</strong> jovens e<br />
adultos 22 , facultam a implementação dos usos sociais da escrita a que<br />
proce<strong>de</strong>m os alfabetizandos com que trabalham, já que enten<strong>de</strong>mos a<br />
escola como principal agência <strong>de</strong> letramento (KLEIMAN, 2001 [1995])<br />
nesses casos, isto é, <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong> papel fundamental na diversificação<br />
dos eventos <strong>de</strong> letramento <strong>de</strong> que esses homens e mulheres participam.<br />
Mais especificamente em relação a esse estudo, em que medida a<br />
inserção na esfera escolar, portanto institucionalizada, faculta o acesso<br />
<strong>de</strong>sses homens e mulheres a múltiplos eventos <strong>de</strong> letramento,<br />
objetivando o trânsito e a inserção em diferentes esferas da ativida<strong>de</strong><br />
humana e consi<strong>de</strong>rando as práticas <strong>de</strong> que já se apropriaram em seus<br />
entornos sociais.<br />
Consi<strong>de</strong>rando o fato <strong>de</strong> vivermos em uma socieda<strong>de</strong><br />
grafocêntrica e, com isso, nossas práticas serem necessariamente<br />
interpeladas pela escrita, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> domínio formal do<br />
código, ou seja, mesmo indivíduos não alfabetizados po<strong>de</strong>m ser<br />
consi<strong>de</strong>rados letrados nesta perspectiva (SOARES, 2003 [1998]), a<br />
relevância da pesquisa ancora-se em compreen<strong>de</strong>r o que efetivamente<br />
essa inserção em classe <strong>de</strong> alfabetização institucionalizada significa para<br />
esses sujeitos, tomados em suas singularida<strong>de</strong>s sociais, culturais,<br />
políticas e econômicas, tanto quanto em seu tempo histórico.<br />
Enten<strong>de</strong>mos, ainda, que traçar a reconstrução crítica da história,<br />
da cultura e das práticas <strong>de</strong> letramento, da microcultura <strong>de</strong>sses sujeitos,<br />
é ponto <strong>de</strong> partida para co-construção <strong>de</strong> uma aprendizagem<br />
significativa, que permita a síntese dialética entre práticas <strong>de</strong> letramento<br />
globais e locais (OLIVEIRA; KLEIMAN, 2008; STREET, 2003). Nesse<br />
sentido, julgamos que nossa pesquisa, dada sua filiação etnográfica,<br />
faculta a compreensão <strong>de</strong> implicações socioculturais e políticoeconômicas<br />
relevantes nesses contextos.<br />
20 Santa Catarina, Secretaria <strong>de</strong> Estado da Educação, Ciência e Tecnologia. Proposta Curricular<br />
<strong>de</strong> Santa Catarina: Estudos Temáticos. Florianópolis: IOESC, 2005.<br />
21 Não nos reportamos, nesse ponto, especificamente, à turma que constituiu objeto <strong>de</strong> nossas<br />
observações nessa pesquisa, mas a turmas <strong>de</strong> EJA com as quais tivemos contado no percurso<br />
acadêmico e profissional como um todo.<br />
22 No caso específico da pesquisa, o Curso <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos – I Segmento da<br />
Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Florianópolis e suas diretrizes pedagógicas.