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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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Segundo Freire (2009 [1982]), entretanto, é fato que a<br />

educação reproduz a i<strong>de</strong>ologia dominante, mas não apenas isso. Para ele<br />

(2009 [1982], p. 24), “[...] as contradições que caracterizam a socieda<strong>de</strong><br />

[...] penetram a intimida<strong>de</strong> das instituições pedagógicas em que a<br />

educação sistemática se está dando e alteram o seu papel ou o seu<br />

esforço reprodutor da i<strong>de</strong>ologia dominante”. Dessa forma, à medida que<br />

a educação passa a ser compreendida como reprodutora da i<strong>de</strong>ologia<br />

dominante por um lado e, por outro, a negação daquela i<strong>de</strong>ologia ou<br />

pelo menos seu <strong>de</strong>svelamento, pelo confronto entre ela e a realida<strong>de</strong><br />

vivida pelos educadores e educandos, a inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma educação<br />

neutra passa a ser clara. A partir <strong>de</strong>ssas compreensões, falar <strong>de</strong> educação<br />

não neutra já não assusta mais, isso porque “[...] o fato <strong>de</strong> não ser o<br />

educador um agente neutro não significa, necessariamente, que <strong>de</strong>ve ser<br />

manipulador” (FREIRE, 2009 [1982], p. 25).<br />

Outra ressignificação exigida, segundo Freire (2009 [1982]),<br />

numa acepção <strong>de</strong> processos educativos críticos, é a compreensão <strong>de</strong> que<br />

a alfabetização <strong>de</strong> adultos não po<strong>de</strong> mais ser tratada e realizada <strong>de</strong> forma<br />

autoritária, centrada na compreensão linear e homogênea da palavra por<br />

parte dos alfabetizandos, palavra doada pelo educador aos analfabetos,<br />

imprimindo ao processo caráter assistencialista e não transformador,<br />

assim como os textos já não po<strong>de</strong>m mais ser oferecidos aos alunos como<br />

neutros. Nessa acepção crítica, “[...] a alfabetização como ato <strong>de</strong><br />

conhecimento, como ato criador e como ato político é um esforço <strong>de</strong><br />

leitura do mundo e da palavra” (FREIRE, 2009 [1982], p. 30), <strong>de</strong> modo<br />

que não é mais possível texto sem contexto. Nesse sentido, Vóvio (2010,<br />

p. 111) enten<strong>de</strong> “[...] alfabetização como um mosaico <strong>de</strong> práticas sociais<br />

que variam em função <strong>de</strong> propósitos, interesses e contextos <strong>de</strong> uso; os<br />

ambientes e seus artefatos passam a ser importantes elementos<br />

constitutivos nesses processos”.<br />

O modo <strong>de</strong> atuação profissional tem amplo enfoque, como já<br />

mencionamos, na abordagem proposta pela pedagogia freiriana.<br />

Segundo essa perspectiva, a postura do professor não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong><br />

[...] quem apenas fala e jamais ouve; quem<br />

‘imobiliza’ o conhecimento e o transfere a<br />

estudantes; [...] quem ouve o eco apenas <strong>de</strong> suas<br />

próprias palavras, numa espécie <strong>de</strong> narcisismo<br />

oral; quem consi<strong>de</strong>ra petulância da classe<br />

trabalhadora reivindicar seus direitos; quem<br />

pensa, por outro lado, que a classe trabalhadora é<br />

<strong>de</strong>masiado inculta e incapaz, necessitando, por

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