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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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auxiliar da sala <strong>de</strong> informática, per<strong>de</strong>ndo uma<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visita coletiva e mediada a essa sala<br />

(Diário <strong>de</strong> Campo – 19 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2011. Nota n. 13).<br />

Nessa nota, parece estar em questão a efetiva ancoragem teórica<br />

na perspectiva <strong>de</strong> usos sociais da escrita, na medida em que, embora<br />

houvesse possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um trabalho, com a canção, a opção é pelo<br />

gênero letra <strong>de</strong> música, que <strong>de</strong> todo modo, é trazida em forma <strong>de</strong> cópia<br />

não <strong>de</strong>rivada do suporte em que o texto foi originalmente materializado.<br />

A letra é objeto <strong>de</strong> reflexão dissociada da música que, com ela,<br />

comporia o gênero canção, ficando tal letra restrita a um trabalho<br />

textual avulso. Parece haver, nesse ponto, arrevezamento teórico. A<br />

prática docente explicita um conhecimento ainda inicial acerca das<br />

novas teorias que preconizam o trabalho escolar em uma perspectiva dos<br />

usos sociais da língua, sugerindo não ter ainda havido apropriação<br />

teórica efetiva, o que tem se afigurado como uma característica <strong>de</strong><br />

muitos espaços escolares 95 .<br />

Desdobramento <strong>de</strong>sse quadro parece ser a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior<br />

sensibilida<strong>de</strong> às vivências dos alunos. Eles <strong>de</strong>monstram interesse em<br />

iniciar uma pesquisa, algo que lhes parece relevante naquele momento, e<br />

verbalizam interesse em obter ajuda para apren<strong>de</strong>r a usar o computador<br />

como ferramenta <strong>de</strong> pesquisa, mas esse uso parece não ser<br />

compreendido pela alfabetizadora como uma oportunida<strong>de</strong> educativa;<br />

não parece figurar como aula efetivamente para a professora, que parece<br />

atribuir ao caso uma dimensão apenas procedimental, o que explicaria o<br />

encaminhamento ao profissional responsável pelo setor em horário<br />

extracurricular. É importante registrar nossa compreensão <strong>de</strong> que, na<br />

ação <strong>de</strong> ambas as profissionais, há uma abertura a uma ação pedagógica<br />

diferenciada, acompanhada da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação a<strong>de</strong>quada nesse<br />

sentido (OLIVEIRA et al., 2011).<br />

Ainda no que respeita às discussão dos eventos <strong>de</strong> letramento<br />

prevalecentes na ação escolar, observamos, ao longo dos cinco meses <strong>de</strong><br />

vivência na escola, o trabalho com textos característicos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

com crianças, o que nos remete a Souza e Mota (2007, p. 507) acerca da<br />

ação pedagógica prototípica da alfabetização <strong>de</strong> adultos “[...] quando se<br />

<strong>de</strong>slocam para a escola, [os adultos] são quase sempre infantilizados<br />

com textos <strong>de</strong> leitura e escrita que não condizem com suas experiências<br />

<strong>de</strong> vida”. Tais práticas se evi<strong>de</strong>nciam no trabalho com cantigas,<br />

95 Tomazoni (2011) e Dias (2011), em estudo ainda em andamento, têm observado<br />

características semelhantes na interação com professores <strong>de</strong> Língua Portuguesa.

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