19.04.2013 Views

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

255<br />

finalida<strong>de</strong>s informadas por essas mulheres parece que o pré-requisito é a<br />

certificação da escolarização (ensino médio completo, para o caso dos<br />

concursos que M. <strong>de</strong>seja realizar e para o ingresso no ensino superior, no<br />

caso <strong>de</strong> E.) e isso, necessariamente, passa pela escolarização. Nesse<br />

sentido, sim, novamente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu escopo, a escola aten<strong>de</strong> às<br />

expectativas das participantes. O que parece <strong>de</strong>mandar novos estudos é a<br />

natureza <strong>de</strong>ssas perspectivas, em que medida elas não são mero reflexo<br />

<strong>de</strong> concepções escolarizantes historicamente instituídas.<br />

Pensando no papel do núcleo <strong>de</strong> escolarização no que<br />

compreen<strong>de</strong> essas expectativas, ou seja, se ele assume como papel o<br />

atendimento das expectativas das alfabetizandas e/ou propõe-se a<br />

ressignificá-las, retomamos o trecho (63) focalizando essas questões:<br />

(63) Eu sempre trabalhei com criança, cui<strong>de</strong>i <strong>de</strong> criança, na<br />

igreja trabalhei com criança, tudo isso já vem <strong>de</strong> muito<br />

tempo, sabe?Eu tinha aquele <strong>de</strong>sejo, assim, ‘o que eu podia<br />

fazer assim pra trabalhar, assim, esse dom pra trabalhar<br />

com criança, o que eu podia fazer pra trabalhar mais assim<br />

com criança?’ Só que eu não entendia bem assim. Daí a<br />

minha filha falou ‘a mãe podia fazer alguma coisa, assim,<br />

pra mãe estudar e fazer pedagogia’. Depois que eu comecei<br />

a estudar, eu comecei a pensar, assim, ‘como é que eu podia<br />

fazer pra me formar e trabalhar com criança?’ E brotou<br />

mais quando eu comecei a estudar porque agora eu sei que<br />

eu vou ter um jeito, assim, que eu possa me formar em<br />

alguma coisa. A única coisa que eu não entendia bem é como<br />

a EJA, eu queria apren<strong>de</strong>r mesmo, que eu achava que eu ia<br />

apren<strong>de</strong>r logo era a matemática, o português, que eu ia já<br />

entrar naquilo que eu parei, mas quando eu cheguei aqui foi<br />

tudo diferente, foi logo com pesquisa, os outros tipos <strong>de</strong><br />

matérias né então eu achava que fosse... Mas agora eu tô<br />

acostumada, tá bem legal, tá bem bom, tô apren<strong>de</strong>ndo, já<br />

aprendi bastante assim coisas que eu não sabia. (E.,<br />

entrevista realizada em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011).<br />

O fragmento (63) converge com a valoração dos saberes<br />

tipicamente escolares evi<strong>de</strong>nciada no capítulo 7 e retomada no capítulo<br />

8. Aponta, entretanto, para ressignificação das expectativas primeiras<br />

frente ao processo, ou seja, a reinserção escolar ressignifica não só a<br />

compreensão do ensino centrado nos saberes prototípicos da escola, na<br />

medida em que E. já consi<strong>de</strong>ra legal, bom e diz estar apren<strong>de</strong>ndo<br />

bastante com o trabalho pautado metodologicamente na pesquisa, que<br />

secundariza os conteúdos tipicamente escolares, mas os contempla,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!