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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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permitiram a sua inserção em socieda<strong>de</strong>, as quais, em boa medida,<br />

motivam ou não sua permanência nos programas institucionais. A partir<br />

<strong>de</strong> tais estratégias, é possível promover e co-construir novas maneiras <strong>de</strong><br />

executar as ativida<strong>de</strong>s por meio do uso da escrita, além <strong>de</strong> inserir esses<br />

adultos em novas ativida<strong>de</strong>s antes não realizadas pela condição <strong>de</strong><br />

analfabetismo. A alfabetização, <strong>de</strong>ssa forma, “[...] <strong>de</strong>ve ser vista como<br />

uma base, um fundamento, não como um fim ou conclusão. O que se<br />

segue <strong>de</strong>sse fundamento é talvez uma preocupação maior que a<br />

alfabetização per se” (GRAFF, 1994, p. 33).<br />

Pensar na construção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> jovens e<br />

adultos que consi<strong>de</strong>rem os letramentos locais a fim <strong>de</strong> promover a<br />

hibridização entre letramentos locais e globais (STREET, 2003) parece<br />

ser central uma vez que<br />

[...] o estabelecimento <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> contato e<br />

<strong>de</strong> relacionamento entre as formas dominantes,<br />

<strong>de</strong> prestígio, com as formas subalternas, não<br />

legitimadas, do letramento, po<strong>de</strong>ria levar à<br />

comparação e ao contraste necessários para o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> melhores e mais eficientes<br />

programas <strong>de</strong> Educação Básica <strong>de</strong> Jovens e<br />

Adultos. (KLEIMAN, 2001b, p. 270)<br />

É comum, no entanto, ao longo da História, que o objeto das<br />

pesquisas acerca da alfabetização <strong>de</strong> pessoas adultas seja a coletivida<strong>de</strong><br />

ou os processos, não incidindo a análise sobre os sujeitos e suas práticas<br />

localmente instituídas. Essas práticas, no entanto, são fundamentais para<br />

a compreensão e o tratamento do fenômeno em questão. Em contextos<br />

microculturais em que vivem analfabetos, por exemplo, e nos quais a<br />

concepção <strong>de</strong> fracasso individual e a não consciência acerca da<br />

dimensão social do analfabetismo são reiteradas historicamente – ou<br />

seja, famílias em que os <strong>de</strong>mais membros também não estudaram e<br />

persistem sentimentos <strong>de</strong> sofrimento e vergonha atrelados à falta <strong>de</strong><br />

escolarização –, os saberes adquiridos no trabalho costumam ser mais<br />

valorizados que os saberes veiculados pela escola.<br />

Por outro lado, costumam ser raras nesses contextos as<br />

situações <strong>de</strong> leitura e escrita vivenciadas, restringindo-se a eventuais<br />

cartas, cerimônias religiosas, contas em pequenos mercados <strong>de</strong> bairro e<br />

usos afins. Desse modo, até os que passaram um curto período na escola<br />

e chegaram a ter domínio (mesmo que em nível <strong>de</strong> codificação e<br />

<strong>de</strong>codificação) da escrita regressam, muitas vezes, à condição <strong>de</strong>

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