19.04.2013 Views

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

133<br />

aspecto essencial daquilo que significa ser um<br />

agente individual e socialmente constituído.<br />

(FREIRE; MACEDO, 2006 [1990], p. 7)<br />

A alfabetização, no entanto, é muito mais do que um projeto <strong>de</strong><br />

cunho político em que pessoas afirmam seu direito e sua<br />

responsabilida<strong>de</strong> com um processo <strong>de</strong> aprendizagem da leitura,<br />

compreensão e transformação pessoal, é também reelaborar sua relação<br />

com a socieda<strong>de</strong>. Nesse sentido, engajar-se em um processo <strong>de</strong><br />

alfabetização é, em alguma medida, reiteramos, engajar-se num<br />

processo <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento individual e social.<br />

Esse engajamento adquire importância na medida em que dá aos<br />

sujeitos a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomear a própria experiência, e isso “[...] é<br />

parte do que significa ‘ler’ o mundo e começar a compreen<strong>de</strong>r a<br />

natureza política dos limites bem como das possibilida<strong>de</strong>s que<br />

caracterizam a socieda<strong>de</strong> mais ampla” (FREIRE; MACEDO, 2006<br />

[1990], p. 7). É essencial, para Freire e Macedo (2006 [1990]), que os<br />

educandos sejam capacitados pelo conhecimento <strong>de</strong> que são educandos.<br />

Tal consciência, conforme o autor, po<strong>de</strong> ser atendida via linguagem, isso<br />

porque nomear o mundo torna-se um mo<strong>de</strong>lo para transformar o mundo.<br />

A linguagem, então, oferece o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> transformação social.<br />

O papel transformador atribuído à linguagem, por sua vez, afeta<br />

o fazer pedagógico e o papel do educador no processo <strong>de</strong> alfabetização.<br />

É fundamental ao professor, então, proce<strong>de</strong>r a um processo <strong>de</strong><br />

recognição, ou seja, cabe ao professor reconhecer aquilo que o<br />

educando sabe e respeitar esse conhecimento. Tal respeito <strong>de</strong>ve ser<br />

estendido à pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vozes, à varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> discursos e às<br />

linguagens diferentes (FREIRE; MACEDO, 2006 [1990]). Isso porque,<br />

a linguagem, como já foi mencionado, é a principal responsável na<br />

construção da experiência e na organização e legitimação das práticas<br />

sociais disponíveis nos vários grupos da socieda<strong>de</strong>.<br />

Com relação ao nível escolar <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> transformação<br />

conferido à linguagem, Freire e Macedo (2006 [1990]) afirmam que é a<br />

linguagem dominante que estrutura e regulamenta o que <strong>de</strong>ve ser<br />

ensinado e <strong>de</strong> que forma <strong>de</strong>ve ser ensinado e avaliado, por isso, “[...] as<br />

escolas <strong>de</strong>vem ser vistas em seus contextos históricos e relacionais”<br />

(FREIRE; MACEDO, 2006 [1990], p. 14). Freire e Macedo (2006<br />

[1990], p. 17) enten<strong>de</strong>m, nesse sentido, que<br />

[...] a vida escolar não é concebida como um<br />

sistema unitário, monolítico e rígido <strong>de</strong> regras e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!