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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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206<br />

fruto <strong>de</strong> questões mais amplas, ligadas à macroinserção social ou, mais<br />

<strong>de</strong>licadamente, a <strong>de</strong>sdobramentos da ontologia humana. Depreen<strong>de</strong>r<br />

essas motivações seguramente não é uma tarefa simples, mas nos<br />

arriscamos a ela por enten<strong>de</strong>rmos que <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>preensão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, em<br />

boa medida, as discussões que empreen<strong>de</strong>remos no próximo capítulo,<br />

que finaliza o percurso analítico.<br />

As consi<strong>de</strong>rações das participantes <strong>de</strong> pesquisa acerca das<br />

motivações que as levam a um programa <strong>de</strong> alfabetização remontaram à<br />

experiência primeira com a escolarização, ainda na infância. Isso, em<br />

nosso entendimento, precisa ser analisado na medida em que uma<br />

representação favorável <strong>de</strong>sse processo parece resultar em anseio por<br />

retorno à escola ou não. Na sequência, arriscamos postar longos excertos<br />

que dão conta <strong>de</strong>sse recorte <strong>de</strong> historicida<strong>de</strong> que converge com nosso<br />

interesse analítico aqui; feito o registro, empreen<strong>de</strong>remos a análise.<br />

(43) O começo na escola [na infância] foi muito importante. Eu,<br />

na realida<strong>de</strong>, parei <strong>de</strong> estudar porque sabe quando a gente<br />

é adolescente, a gente quer ter o dinheirinho da gente e,<br />

como antigamente não é como agora, os pais não <strong>de</strong>ixavam<br />

a gente estudar <strong>de</strong> noite, então eles disseram pra escolher<br />

‘ou tu vai trabalhar ou se não estudá <strong>de</strong> dia’. Mas como a<br />

gente queria ter o dinheirinho, começar a adquirir alguma<br />

coisa, né... daí eu parei <strong>de</strong> estudar, comecei a trabalhar, daí<br />

<strong>de</strong>pois eu casei, daí mesmo eu nunca mais voltei (M.,<br />

entrevista realizada em 07 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011, ênfase nossa).<br />

(44) Aprendi [quando estive na escola na infância]. Muita coisa,<br />

eu já sabia, né... Mas, o que eu mais esqueci foi a<br />

matemática, que eu nunca mais... Conta <strong>de</strong> dividir, eu não<br />

sei, essa eu não sei. Eu aprendi... mas também é tudo<br />

diferente agora, então... Mas ler e escrever assim, tudo eu<br />

aprendi e não esqueci mais. Até os doze anos, né, só até os<br />

doze anos... <strong>de</strong>pois não estu<strong>de</strong>i mais, daí nunca mais. Eu<br />

gostava, sempre gostei <strong>de</strong> ir na escola, sempre, sempre... Eu<br />

parei assim ó... porque, com doze anos, a gente morava<br />

assim numa cida<strong>de</strong>zinha no interior, né... então só tinha essa<br />

escola, o nome da escola lá no meu ano era Adriana Seabra<br />

da Fonseca, não esqueci. Daí pra fazer o ginásio na época,<br />

era em outra cida<strong>de</strong>, tudo longe. Então, daí naquelas outras<br />

cida<strong>de</strong>s, a minha mãe sempre dizia ‘ah porque os meninos<br />

não vão estudar mais por isso, por aquilo’. O sonho do meu<br />

pai era que pelo menos uma filha <strong>de</strong>le fosse professora,<br />

mas não <strong>de</strong>u certo porque daí a gente morava em

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