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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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7.2.1 Os usos sociais da escrita no espaço escolar: inserções nas<br />

ações <strong>de</strong> escrita escolarizada empreendidas por E., M. e<br />

MG.<br />

Os usos da escrita empreendidos pelas senhoras participantes<br />

<strong>de</strong>sta pesquisa no contexto escolar ten<strong>de</strong>m – como <strong>de</strong>screveremos nesta<br />

subseção – a ter configurações tipicamente escolares, com as<br />

implicações da artificialida<strong>de</strong> – e não do artificialismo constitutivo<br />

(HALTÉ, 2008 [1998]) – que não raro caracteriza os fazeres didáticopedagógicos<br />

na tradição escolar, ou seja, não vimos solidificada ainda,<br />

nesse espaço, uma ação pedagógica que viabilize o alargamento <strong>de</strong>sses<br />

usos no que diz respeito ao contexto extraescolar, tal qual registram<br />

teorizações contemporâneas em foco nas práticas sociais. Tais usos<br />

tipicamente escolares sugerem uma ação escolar ainda pouco atenta à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecer as práticas <strong>de</strong> letramento (STREET, 1988;<br />

HAMILTON, 2000) que caracterizam os alunos a fim <strong>de</strong> ressignificálas,<br />

no processo <strong>de</strong> hibridização entre letramentos dominantes e<br />

letramentos vernaculares ao qual nos convida Street (2003), tanto<br />

quanto, em outra perspectiva teórica, nos exorta o i<strong>de</strong>ário freiriano. Essa<br />

ação tipicamente escolarizada tem um componente adicional:<br />

<strong>de</strong>scaracteriza-se em relação às abordagens que focalizam gêneros<br />

discursivos (BAKHTIN, 2003 [1952/53]) e que, ao focalizá-los,<br />

aproximam os eventos <strong>de</strong> letramento (HEATH, 2001 [1982];<br />

HAMILTON, 2000) que têm lugar na escola dos eventos <strong>de</strong> letramento<br />

que têm lugar fora <strong>de</strong>la. Logo as ações pedagógicas nesse contexto nos<br />

remetem sob vários aspectos e ainda que não intencionalmente, ao<br />

mo<strong>de</strong>lo autônomo <strong>de</strong> letramento (STREET, 1984).<br />

Tal mo<strong>de</strong>lo, já discutido em capítulo anterior nesta dissertação,<br />

segundo Street (1984), é caracterizado pela (tentativa <strong>de</strong>) dissociação<br />

das dimensões social e política nas práticas <strong>de</strong> leitura e escrita. Essa<br />

dissociação entre a escrita, a leitura e os aspectos sociopolíticos<br />

solidifica falsas concepções, como a pseudoneutralida<strong>de</strong> do ensino, o<br />

entendimento <strong>de</strong> leitura e escrita como sistemas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e<br />

fechados em si mesmos e a supervalorização da escola no processo <strong>de</strong><br />

‘aquisição’ <strong>de</strong> ‘altos níveis <strong>de</strong> letramento’. O que significa dizer, em<br />

alguma medida, que tal mo<strong>de</strong>lo ten<strong>de</strong> a reproduzir a cultura <strong>de</strong> grupos<br />

dominantes.<br />

Sob essa perspectiva, o mo<strong>de</strong>lo autônomo contribui para a<br />

propagação do i<strong>de</strong>ário <strong>de</strong> que há uma única forma do letramento a ser<br />

<strong>de</strong>senvolvido, ou seja, que os sujeitos, quer sejam crianças ou adultos,<br />

construiriam seu processo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong> leitura e escrita da

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