Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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5 ALFABETIZAÇÃO: UMA DISCUSSÃO SOBRE AÇÕES<br />
PEDAGÓGICAS ENDEREÇADAS A ALFABETIZANDOS<br />
ADULTOS<br />
Talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização:<br />
Apren<strong>de</strong>r a escrever a vida, como autor e<br />
como testemunha <strong>de</strong> sua história,<br />
isto é, biografar-se, existenciar-se, historicizar-se.<br />
(Ernani Maria Fiori, Prefácio Pedagogia do Oprimido <strong>de</strong> Paulo Freire)<br />
Como já pontuamos, há um amplo espectro envolvido em se<br />
tratando <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> jovens e adultos. É, pois, um campo <strong>de</strong> estudo<br />
rico em especificida<strong>de</strong>s e em acepções teóricas, por vezes, bastante<br />
divergentes. O que parece consensual, nas discussões <strong>de</strong>sse tema, é o<br />
fato <strong>de</strong> que o trabalho com alfabetizandos adultos não po<strong>de</strong> mais ser<br />
concebido sem que se consi<strong>de</strong>re o universo social mais amplo <strong>de</strong>sses<br />
sujeitos. Assim, extrapolamos o <strong>de</strong>bate sobre se o processo <strong>de</strong><br />
alfabetização po<strong>de</strong> ou não ser compreendido como domínio formal do<br />
código somente. Hoje, o <strong>de</strong>bate assume contornos mais complexos e<br />
permeia aspectos que dizem respeito a formas <strong>de</strong> promoção da<br />
harmonização entre a sistematização do código e uso social da escrita, a<br />
fim <strong>de</strong> facultar aos sujeitos parte do conjunto <strong>de</strong> condições necessárias<br />
para a ampliação <strong>de</strong> sua mobilida<strong>de</strong> social, tanto quanto para<br />
ressignificações i<strong>de</strong>ntitárias e <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento.<br />
No segundo capítulo <strong>de</strong>ste trabalho, ocupamo-nos <strong>de</strong> uma breve<br />
historicização das iniciativas governamentais em se tratando da<br />
alfabetização <strong>de</strong> adultos. No capítulo teórico seguinte – terceiro<br />
capítulo <strong>de</strong>sta dissertação –, ocupamo-nos <strong>de</strong> discussões conceituais<br />
vinculadas ao fenômeno do letramento. Feito isso, no quarto capítulo,<br />
ocupamo-nos <strong>de</strong> discussões sobre a natureza das relações estabelecidas<br />
entre alfabetização, empregabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>senvolvimento<br />
socioeconômico, abordando questões relacionadas à exclusão e à<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos sujeitos analfabetos. Neste capítulo, voltamos o nosso<br />
olhar para temas bastante específicos em se tratando <strong>de</strong> nosso recorte <strong>de</strong><br />
pesquisa: configurações didático-pedagógicas em se tratando da<br />
alfabetização <strong>de</strong> adultos.<br />
Nosso interesse com tal discussão acaba por focalizar<br />
teorizações que propõem insistentemente que o caminho para a<br />
construção <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> escolarização/alfabetização verda<strong>de</strong>iramente<br />
significativos aos adultos <strong>de</strong>ve contemplar/partir <strong>de</strong> aspectos da vida<br />
<strong>de</strong>sses adultos, tal qual propõem Paulo Freire (2009 [1982]; 2009