Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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O primeiro dos <strong>de</strong>sdobramentos <strong>de</strong>ssa questão que nos ocupou<br />
foi: De quais eventos <strong>de</strong> letramento tais senhoras participam em seu<br />
dia-a-dia?. Em resposta a essa questão, discutimos implicações<br />
conceituais relacionadas ao que vimos chamando <strong>de</strong> pragmatismo<br />
estreito e dimensão ontológica da subjetivida<strong>de</strong>¸ com vistas a explicar a<br />
divisão substancial nos usos cotidianos da escrita por parte das<br />
participantes <strong>de</strong>ste estudo. Paralelamente, pareceu-nos nodal nessa<br />
discussão acerca dos usos as questões <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> e acesso a<br />
materiais escritos (KALMAN, 2003). Além disso, constituiu fator<br />
importante na análise o fato <strong>de</strong> as três senhoras já possuírem algum<br />
domínio da escrita, mesmo que em diferentes níveis, quando da inserção<br />
em esfera escolar, na medida em que a implementação dos usos da<br />
escrita promovida pela escola pareceu não ter reverberado efetivamente<br />
nas ativida<strong>de</strong>s cotidianas mais elementares, ou seja, o que parece ser<br />
central quando da análise dos dados gerados é a não ampliação das<br />
práticas <strong>de</strong> letramento por parte da escola no que concerne às esferas <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong> humana extraescolares, visto que, no discurso das alunas, não<br />
parece figurar nenhum indício <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> ressignificação efetivo <strong>de</strong><br />
suas práticas <strong>de</strong> letramento.<br />
Os dois últimos <strong>de</strong>sdobramentos <strong>de</strong>ssa primeira questão que<br />
balizaram nosso processo analítico foram De que eventos <strong>de</strong><br />
letramento, recorrentes e significativos no cotidiano extraescolar,<br />
essas mulheres informam não tomar parte pelo não domínio da<br />
escrita? Que implicações pessoais e sociais, segundo elas, essa<br />
eventual exclusão traz consigo?. Há, no relato das participantes, no<br />
que diz respeito aos eventos <strong>de</strong> letramento recorrentes e significativos<br />
do cotidiano, dificulda<strong>de</strong>/impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inserções que obe<strong>de</strong>cem a<br />
duas frentes, a saber: os eventos <strong>de</strong> letramento relacionados ao que<br />
temos chamado <strong>de</strong> pragmatismo estreito e os eventos <strong>de</strong> letramento da<br />
dimensão extraescolar que têm, em alguma medida, relação direta com a<br />
esfera escolar. Interessante consi<strong>de</strong>rar que a não informação por parte<br />
<strong>de</strong>ssas mulheres <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s/limitações no que implica eventos <strong>de</strong><br />
letramento que se relacionam com as essencialida<strong>de</strong>s humanas <strong>de</strong> forma<br />
geral não significa que tais circunscrições não existam. O que acontece<br />
nesse ponto é que não nos parece possível, em uma segunda mirada, que<br />
elas refiram limitações em eventos <strong>de</strong>ssa natureza se não os<br />
experienciaram.<br />
A segunda questão que, por sua vez, dirigiu nossa análise foi: O<br />
que motiva as mulheres envolvidas neste estudo a recorrerem a<br />
uma instituição escolar a fim <strong>de</strong> participarem <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong><br />
alfabetização?. Nesse sentido, o anseio por retorno à escola por parte