Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
122<br />
analfabetos plenos pela interrupção dos estudos e/ou pelo reduzido uso<br />
da escrita em sua microcultura (GALVÃO; DI PIERRO, 2007).<br />
Em muitos casos, a necessida<strong>de</strong> efetiva <strong>de</strong> alfabetização se dá<br />
quando esses sujeitos migram para gran<strong>de</strong>s centros e são expostos a<br />
interações permeadas pela escrita e, assim, se dão conta <strong>de</strong> que não<br />
aten<strong>de</strong>m a expectativas normativas dominantes. O que move os adultos<br />
à busca por alfabetização em contextos escolares ten<strong>de</strong>m a ser<br />
motivações <strong>de</strong> caráter imediato, como já pontuamos, com base em<br />
Stromquist (2005). Ribeiro (2004, p. 15) sobre isso escreve:<br />
[...] para quem só sabe assinar o nome, esse saber<br />
ainda hoje po<strong>de</strong> ser valioso, no mínimo, para<br />
livrá-lo da vergonha <strong>de</strong> ter que marcar seus<br />
documentos com uma impressão digital; é um<br />
saber limitado, mas que po<strong>de</strong> ter funções bem<br />
práticas no dia-a-dia. O mesmo se po<strong>de</strong> dizer <strong>de</strong><br />
pessoas que só lêem e escrevem palavras ou<br />
frases em certos contextos específicos, como um<br />
anúncio <strong>de</strong> emprego, um ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> anotações<br />
pessoais etc.<br />
É na necessida<strong>de</strong> efetiva, ou seja, na significação da vida<br />
cotidiana <strong>de</strong>ssas pessoas adultas que a alfabetização ganha sentido, e<br />
essa atribuição <strong>de</strong> sentido é que viabiliza a permanência <strong>de</strong>sses<br />
indivíduos na condição <strong>de</strong> alfabetizados. Além disso, como já<br />
mencionamos, iniciativas <strong>de</strong> alfabetização precisam se dar com enfoque<br />
também na questão da continuida<strong>de</strong> do processo, porque muitas vezes os<br />
conhecimentos adquiridos por pessoas adultas em programas <strong>de</strong><br />
alfabetização, que, na maioria das vezes, têm formato e duração<br />
sintética, “[...] não ser [são] suficiente[s] para muitas <strong>de</strong>mandas<br />
colocadas na vida mo<strong>de</strong>rna, especialmente em contextos urbanos [;<br />
porém] habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura e escrita, mesmo que limitadas, certamente<br />
têm alguma serventia para quem as possui, nem que seja apenas um<br />
valor simbólico” (RIBEIRO, 2004, p. 15).<br />
Dar conta <strong>de</strong>ssas significações, em programas <strong>de</strong> alfabetização<br />
massivos ou não, tanto quanto ressignificar motivações que conduzem<br />
os sujeitos a tais programas, bem como construir alternativas <strong>de</strong> ação<br />
pedagógica que facultem a esses mesmos sujeitos a continuida<strong>de</strong> do<br />
processo <strong>de</strong> escolarização são medidas que <strong>de</strong>mandam, tal qual adverte<br />
Street (2003), a valorização das práticas <strong>de</strong> letramento que caracterizam<br />
os alfabetizandos, assim como a inserção <strong>de</strong>sses sujeitos em práticas <strong>de</strong><br />
letramento dominantes, que correspon<strong>de</strong>m a características e a