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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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191<br />

(24) Quem paga as contas é o meu marido, ele não <strong>de</strong>ixa eu<br />

mexer nessas coisas, às vezes eu até fico pensando ‘já<br />

imaginou se esse homem morre e eu não sei mexer?’.<br />

Porque eu só fui umas duas vezes, se eu tiver que mexer<br />

não tenho a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> como faz. No caixa eletrônico eu só<br />

entrei umas duas vezes na vida, pra ir no banco, ixi!, muito<br />

difícil mesmo (E., entrevista realizada em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />

2011).<br />

Não parece que tal <strong>de</strong>pendência evi<strong>de</strong>nciada na fala <strong>de</strong> E. se<br />

<strong>de</strong>va a limitações provenientes do domínio lacunar da escrita. Parece<br />

antes que essa <strong>de</strong>pendência se dá pelo fato <strong>de</strong> a marcação <strong>de</strong> gênero<br />

estabelecida na relação conjugal impactar diretamente as ativida<strong>de</strong>s<br />

inerentes ao homem e à mulher.<br />

Há predominância do pagamento <strong>de</strong>ssas contas nas agências<br />

lotéricas, possivelmente pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso. O uso <strong>de</strong> caixa<br />

eletrônico, contudo, constitui uma dificulda<strong>de</strong> para duas das três<br />

participantes <strong>de</strong> pesquisa. M. e E. informaram ter sérias restrições ao uso<br />

<strong>de</strong> tal instrumento – sobre o que trataremos mais à frente. MG., em<br />

contrapartida, informa utilizar esse recurso sem nenhum tipo <strong>de</strong> restrição<br />

e <strong>de</strong> forma recorrente, já que precisa sacar mensalmente o dinheiro da<br />

pensão <strong>de</strong>ixada pela marido falecido; ou seja, parecem ser as vivências<br />

as responsáveis pela construção <strong>de</strong>ssa prática, mesmo que mencione<br />

eventualmente ter problemas nesse sentido.<br />

(25) Eu mesmo pago as contas, na lotérica, no banco <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>.<br />

No caixa eletrônico, eu mexo bem. Eu mexo bem porque<br />

eu entendo os comandos, tipo cada vez que eu vou fazer<br />

uma coisa eles vão dando a informação, eu leio as<br />

informações e vou fazendo... Não vou dizer que algumas<br />

vezes eu não erre porque às vezes a gente quer ir rápido<br />

<strong>de</strong>mais, não lê direito, erra, daí volta a programação <strong>de</strong><br />

novo, mas mexo sim (MG., entrevista realizada em 12 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 2011).<br />

De acordo com Kalman (2003), as competências po<strong>de</strong>m se<br />

constituir como respostas às <strong>de</strong>mandas que se apresentam na vida<br />

cotidiana dos sujeitos. MG., assim, apren<strong>de</strong>u, nas relações<br />

intersubjetivas, a importância <strong>de</strong> ter autonomia na operação <strong>de</strong>sse<br />

instrumento. Para apropriar-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas práticas, os sujeitos<br />

participam <strong>de</strong> múltiplas situações sociais, posicionando-se <strong>de</strong> tal forma

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