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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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vê como vítima <strong>de</strong> um construto social mais amplo que acaba por<br />

impedir ou dificultar a permanência <strong>de</strong>la no processo <strong>de</strong> escolarização,<br />

mas como responsável tanto pela <strong>de</strong>sistência como pela permanência no<br />

processo, mais uma vez o universo a que faz menção Britto (2004).<br />

Assim, ao contrário do que se pu<strong>de</strong>sse esperar, as motivações<br />

<strong>de</strong>ssas participantes <strong>de</strong> pesquisa não têm relação biunívoca com<br />

ascensão econômica e profissional. Perpassam tais motivações, antes,<br />

questões <strong>de</strong> foro íntimo, individual (KLEIMAN, 2001b) – representação<br />

favorável do processo primeiro <strong>de</strong> escolarização ainda na infância e que<br />

inculca nos sujeitos uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> retorno à escola que perpassa a vida<br />

toda, ou a busca por algumas horas <strong>de</strong> relaxamento – e <strong>de</strong> foro externo,<br />

social (KLEIMAN, 2001b) – vivência estrita com alfabetizado, anseio<br />

por potencialização das habilida<strong>de</strong>s interacionais e do repertório lexical<br />

e gramatical. As implicações econômicas e profissionais do reingresso<br />

escolar parecem ser secundárias e serão discutidas na seção que segue.<br />

8.2 DEMANDAS PROFISSIONAIS, FAMILIARES E SOCIAIS MAIS<br />

AMPLAS: IMPLICAÇÕES POSSÍVEIS<br />

Ao enunciarmos nossas questões <strong>de</strong> pesquisa no capítulo<br />

introdutório e nos procedimentos metodológicos, restringimos a<br />

adjetivação das <strong>de</strong>mandas àquelas <strong>de</strong> natureza familiar e profissional,<br />

em razão da consciência acerca da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar conta do<br />

amplo escopo em que tais <strong>de</strong>mandas po<strong>de</strong>m se visibilizar. Em nome,<br />

porém, <strong>de</strong> evitar o equívoco <strong>de</strong> uma circunscrição apriorística,<br />

nomeamos, nesta seção, tais <strong>de</strong>mandas como profissionais, familiares e<br />

sociais mais amplas, com a ressalva <strong>de</strong> que enten<strong>de</strong>mos tratarem-se<br />

todas elas <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas sociais; a adjetivação em separado aten<strong>de</strong> a<br />

necessida<strong>de</strong>s metodológicas <strong>de</strong> recorte analítico.<br />

Para a participante M., as <strong>de</strong>mandas são eminentemente<br />

familiares, sociais e profissionais. São familiares, na medida em que o<br />

compartilhamento <strong>de</strong> obras com a filha acaba por se constituir um ponto<br />

<strong>de</strong> contato entre ambas. São sociais no momento em que M. empreen<strong>de</strong><br />

um movimento <strong>de</strong> construção i<strong>de</strong>ntitária na direção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar-se<br />

com <strong>de</strong>terminadas práticas que são legitimadas socialmente e que<br />

po<strong>de</strong>riam lhe garantir o lugar social que ela parece almejar. São, por<br />

fim, profissionais, mesmo que para a atual ocupação laboral não haja<br />

premência, mas porque há uma intenção <strong>de</strong> ascensão profissional que<br />

necessariamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolarização. As imagens a seguir<br />

materializam esse processo <strong>de</strong> aproximação/busca <strong>de</strong> inserção da/na<br />

cultura escrita <strong>de</strong> prestígio.

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