Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
117<br />
Consi<strong>de</strong>rando especificida<strong>de</strong>s contextuais e <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, é<br />
fundamental compreen<strong>de</strong>rmos que não há uma única forma <strong>de</strong><br />
alfabetizar e que a alfabetização não é, como já pontuamos, um pacotepronto<br />
que <strong>de</strong>ve ser tomado por todos da mesma forma. Além disso,<br />
embora seja central o papel da escolarização em uma socieda<strong>de</strong> que tem<br />
na escola sua principal agência <strong>de</strong> letramento (KLEIMAN, 2001<br />
[1995]), a escolarização não po<strong>de</strong> ser concebida como única forma <strong>de</strong><br />
alfabetização. Ela, a escolarização, é antes uma das formas <strong>de</strong><br />
alfabetizar. Para Graff (1994, p. 46), “[...] a história da alfabetização<br />
sugere claramente que não existe uma rota única para a alfabetização<br />
universal e que não existe uma via única <strong>de</strong>stinada ao êxito na obtenção<br />
<strong>de</strong> uma alfabetização <strong>de</strong> massa”.<br />
Ainda para esse autor (1994, p. 67), “[...] a oferta sistemática e<br />
institucional da alfabetização e da escolarização para as massas<br />
constituiu-se em um elemento central nas estratégias para se estabelecer<br />
o controle da socieda<strong>de</strong>.” Assim, a alfabetização escolarizada e massiva,<br />
entendida como um instrumento <strong>de</strong> controle social, é concebida como o<br />
novo cimento social. Grosso modo, a alfabetização via escolarização,<br />
historicamente, não era vista como um fim em si mesmo, era antes um<br />
veículo <strong>de</strong> doutrinação moral, econômica, social <strong>de</strong> massa, isto é, “[...] a<br />
alfabetização dificilmente era um objetivo, pois, isolada <strong>de</strong> sua base<br />
moral, era temida como potencialmente muito perigosa” (GRAFF, 1994,<br />
p. 68). Para Graff (1994, p. 69), por fim, “[...] a educação formal, o<br />
único meio <strong>de</strong> divulgar a alfabetização às massas <strong>de</strong> modo seguro,<br />
tencionava exaltar a população e assegurar a paz, a prosperida<strong>de</strong>, e a<br />
coesão social”.<br />
Ao contrário <strong>de</strong>ssa concepção que enten<strong>de</strong> a escolarização<br />
como uma das estratégias possíveis para a alfabetização, Soares (2005,<br />
p. 94) acredita que, consi<strong>de</strong>rando a centralida<strong>de</strong> da escola em nossa<br />
socieda<strong>de</strong>,<br />
[...] é um equívoco consi<strong>de</strong>rar que a inserção no<br />
mundo da escrita possa se fazer <strong>de</strong> forma<br />
dissociada e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do processo educativo<br />
mais amplo. Ao se falar, pois, hoje, <strong>de</strong><br />
alfabetização – seja <strong>de</strong> crianças, seja <strong>de</strong> adultos –<br />
esse processo não po<strong>de</strong> ser dissociado do<br />
processo educativo, que o inclui e lhe dá sentido.<br />
Essa acepção <strong>de</strong> que a alfabetização é um processo que não<br />
po<strong>de</strong> estar dissociado da escolarização – ainda que se dê também em