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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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223<br />

Eu pretendo chegar em algum lugar, eu tenho que chegar. É<br />

só isso que eu penso: é Pedagogia (E., entrevista realizada<br />

em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011).<br />

Do mesmo modo que M., E. afirma que a atual ocupação<br />

profissional não a impele a estudar; no entanto o interesse por ativida<strong>de</strong><br />

laboral <strong>de</strong> outra natureza possivelmente constitua <strong>de</strong>manda. Isso porque,<br />

como evi<strong>de</strong>ncia o fragmento (57), a participante <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>seja<br />

cursar graduação em Pedagogia e, para tal, necessita, <strong>de</strong>ntre outras<br />

exigências, ter completado o ensino médio.<br />

Está subjacente à fala <strong>de</strong> E., também, a importância social <strong>de</strong><br />

que se reveste o fato <strong>de</strong>, hipoteticamente, conseguir dar continuida<strong>de</strong> aos<br />

estudos. Tal conquista se configuraria – tal qual <strong>de</strong>svelam os fragmentos<br />

(57): [...] será que um dia eu vou chegar num lugar <strong>de</strong>sse?; ou, ainda<br />

em (57): Eu pretendo chegar em algum lugar, eu tenho que chegar -<br />

como marca <strong>de</strong> lugar social, <strong>de</strong> ascensão não só profissional, mas,<br />

principalmente, social (HALL, 1996).<br />

Quanto a MG., essa senhora elenca, do mesmo modo que E.,<br />

<strong>de</strong>mandas que se relacionam com os universos profissional e social. A<br />

<strong>de</strong>manda profissional é explicitada <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma negação inicial acerca<br />

da importância dos conhecimentos escolares nesse campo, o que<br />

discutiremos em seguida. No que tange à <strong>de</strong>manda social, a participante<br />

<strong>de</strong> pesquisa pontua especialmente a importância da escolarização pela<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementar suas habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interação; logo,<br />

oportunizar interações numa condição <strong>de</strong> maior igualda<strong>de</strong> entre as<br />

pessoas.<br />

Num primeiro momento da entrevista, MG. nega relações<br />

possíveis entre eventuais <strong>de</strong>mandas profissionais e o processo <strong>de</strong><br />

escolarização. Tal negativa tem implicações i<strong>de</strong>ntitárias visto que essa<br />

senhora não concebe que sua performance à frente <strong>de</strong> um negócio<br />

próprio mantido pela família em outra época tenha sido inferior pela<br />

baixa escolarização. Essa negativa inicial é registrada no trecho (58).<br />

(58) Pelo trabalho não, porque a gente acaba apren<strong>de</strong>ndo a<br />

administrar o que tem, e o meu marido era muito inteligente,<br />

ele teve bastante estudo, ele apren<strong>de</strong>u, ele era ótimo em<br />

matemática, e era mais matemática a nossa história né?<br />

Então ele era uma pessoa que sabia muito, ele era muito<br />

sábio mesmo, ele do meu lado, ele me ajudava, me<br />

empurrava e tudo, mas quando ele adoeceu... Eu voltei pra<br />

escola mesmo foi pra apren<strong>de</strong>r, pra ter paz, pra me firmar,<br />

pra saber o que tô dizendo, o que tô falando, com sabedoria,

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