19.04.2013 Views

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

32<br />

inseridas em uma socieda<strong>de</strong> grafocêntrica? Essa questão <strong>de</strong>sdobra-se<br />

em outras questões: De quais eventos <strong>de</strong> letramento tais<br />

alfabetizandas adultas participam em seu dia-a-dia? De que eventos<br />

<strong>de</strong> letramento, recorrentes e significativos no cotidiano extraescolar,<br />

essas mulheres informam não tomar parte pelo não domínio da<br />

escrita? Que implicações pessoais e sociais, segundo elas, essa<br />

eventual exclusão traz consigo?<br />

1.2 SEGUNDA QUESTÃO DE PESQUISA: FOCO NAS<br />

EXPECTATIVAS DAS ALFABETIZANDAS EM RELAÇÃO AO<br />

PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA<br />

ESCRITA<br />

Mesmo inserida em uma socieda<strong>de</strong> grafocêntrica – reiteramos<br />

alusão feita na introdução <strong>de</strong>ste texto – segundo <strong>Oliveira</strong> e Kleiman<br />

(2008, p. 8), “[...] existe ainda uma gran<strong>de</strong> parcela da população<br />

brasileira que fica à margem do processo <strong>de</strong> produção e usufruto dos<br />

bens sociais por não usar, <strong>de</strong> modo efetivo e em seu próprio benefício,<br />

as práticas <strong>de</strong> leitura e escrita”. Tal situação representa às agências <strong>de</strong><br />

letramento, como a escola e a universida<strong>de</strong>, bem como ao Estado, <strong>de</strong><br />

forma mais ampla, um <strong>de</strong>safio.<br />

Graff (1994, p. 27), a seu turno, enten<strong>de</strong> que “[...] os lugares da<br />

alfabetização e da escolarização não são nem sacrossantos nem muito<br />

bem compreendidos”, ou seja, é fundamental o questionamento –<br />

mesmo que sem respostas que esgotem as possibilida<strong>de</strong>s – sobre qual o<br />

lugar da alfabetização, sobre sua relevância e sobre seu efetivo papel no<br />

contexto social. Ainda <strong>de</strong> acordo com Graff (1994), esses<br />

questionamentos acerca da alfabetização encontram relativa dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trânsito pelas esferas escolar e acadêmica e em outros espaços sociais<br />

em função da supervalorização vigente tanto da alfabetização quanto da<br />

escolarização tomadas em si mesmas, muitas vezes entendidas como<br />

socialmente re<strong>de</strong>ntoras na imanência dos processos a que correspon<strong>de</strong>m.<br />

É central nos ditos <strong>de</strong> Graff (1994) que a alfabetização, assim<br />

como outras tecnologias, não correspon<strong>de</strong>, por si só, a um agente <strong>de</strong><br />

mudança. As mudanças atreladas à alfabetização são, antes, mudanças<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos indivíduos inseridos em <strong>de</strong>terminadas conjunturas<br />

sociais, isto é, há questões socioeconômicas, culturais e históricas<br />

implicadas nessas mudanças e que precisam ser consi<strong>de</strong>radas.<br />

Paralelamente à questão das mudanças relacionadas à<br />

alfabetização, está o empreendimento político em criar consensos sobre<br />

a valoração social da alfabetização, possivelmente na busca <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!