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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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105<br />

<strong>de</strong>scompasso entre a comunida<strong>de</strong> familiar e a comunida<strong>de</strong> escolar po<strong>de</strong><br />

constituir fator <strong>de</strong>terminante do fracasso na escolarização. Freire (2006<br />

[1996], p. 42) corrobora a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar tais questões ao<br />

asseverar que “a questão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural, <strong>de</strong> que fazem parte a<br />

dimensão individual e a <strong>de</strong> classe dos educandos cujo respeito é<br />

absolutamente fundamental na prática educativa progressista, é<br />

problema que não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sprezado”.<br />

Quando inserido em esfera escolar, o alfabetizando sofre um<br />

“[...] ‘rito <strong>de</strong> passagem’ da tradição <strong>de</strong> oralida<strong>de</strong> (no microespaço da<br />

comunida<strong>de</strong> local) para o mundo grafocêntrico (no macroespaço da<br />

comunida<strong>de</strong> global), na intenção <strong>de</strong> elaborar um novo patamar <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, ao inserir-se ativamente no mundo letrado” (SOUZA;<br />

MOTA, 2007, p. 507). Esse rito <strong>de</strong> passagem po<strong>de</strong> ser equiparado ao<br />

processo <strong>de</strong> aculturação a que se refere Kleiman (2001b). Para a autora<br />

(2001b, p. 271),<br />

[...] a aprendizagem <strong>de</strong> língua escrita envolve um<br />

processo <strong>de</strong> aculturação – através, e na direção,<br />

das práticas discursivas <strong>de</strong> grupos letrados –, não<br />

sendo, portanto, apenas um processo marcado<br />

pelo conflito, como todo processo <strong>de</strong><br />

aprendizagem, mas também um processo <strong>de</strong><br />

perda e luta social. (grifo nosso)<br />

Vóvio (2010), a seu turno, afirma que mudanças nas práticas dos<br />

alfabetizandos resultam em mudanças i<strong>de</strong>ntitárias, “[...] porque<br />

correspon<strong>de</strong>[m] a transformações nas formas <strong>de</strong> interação e [nos]<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ação” (VÓVIO, 2010, p. 102). O processo <strong>de</strong> mudança<br />

i<strong>de</strong>ntitária é, por sua vez, uma questão <strong>de</strong> saber e po<strong>de</strong>r (SILVA, 2011).<br />

Para Silva (2011), conhecimento, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r formam uma tría<strong>de</strong><br />

inseparável quando se toma o processo <strong>de</strong> escolarização 73 .<br />

Há, também, uma dimensão <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r envolvida nesse processo<br />

<strong>de</strong> aculturação efetivado na escola, do qual emerge que “[...] apren<strong>de</strong>r –<br />

ou não – a ler e a escrever não equivale a apren<strong>de</strong>r uma técnica ou um<br />

conjunto <strong>de</strong> conhecimentos” (KLEIMAN, 2001b, p. 271). Para Vóvio<br />

(2010, p. 102),<br />

As práticas letradas, a leitura, a escrita e a<br />

oralida<strong>de</strong>, inclusas a alfabetização e outras que se<br />

73 Silva (2011) empreen<strong>de</strong> tal discussão com enfoque na teoria curricular, mas enten<strong>de</strong>mos<br />

possível o alargamento <strong>de</strong> seu postulado para a escolarização como um todo.

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