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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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programas educativos. Apontam a necessida<strong>de</strong> da<br />

conexão <strong>de</strong>stes com práticas sociais e, em especial,<br />

com aquelas que se mostram relevantes e<br />

emancipatórias para os estudantes, tendo, ainda,<br />

<strong>de</strong>corrências diretas no modo como se<br />

implementam práticas pedagógicas na alfabetização<br />

<strong>de</strong> jovens e adultos (VÓVIO, 2010, p. 103).<br />

Ainda segundo Vóvio (2010), o <strong>de</strong>bate ao longo do século<br />

passado sobre alfabetização permeou aspectos acerca da <strong>de</strong>fesa ou não<br />

<strong>de</strong> que essa prática social seria <strong>de</strong>tonadora <strong>de</strong> mudanças sociais e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico (VÓVIO, 2010). A autora, ancorada no<br />

pensamento <strong>de</strong> Graff (1994), afirma que é histórica no Brasil a<br />

compreensão da alfabetização como um valor, superdimensionando-se o<br />

domínio da escrita em si mesmo, com assepsia da dimensão social <strong>de</strong><br />

que se reveste; a importância da escrita e da imprensa na vida dos<br />

indivíduos e da socieda<strong>de</strong>; a exigência <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s com a escrita para<br />

inserção efetiva em contexto social; a atribuição à alfabetização e à<br />

escolarização <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>limitador <strong>de</strong> civilização, o que encontra<br />

convergência nas contraposições <strong>de</strong> Street (1984) àquilo que esse autor<br />

nomeou como mo<strong>de</strong>lo autônomo <strong>de</strong> letramento.<br />

Para Kleiman (2001a, p. 96), é importante que na i<strong>de</strong>alização <strong>de</strong><br />

campanhas <strong>de</strong> alfabetização se consi<strong>de</strong>re que “[...] uma pedagogia<br />

inclusiva é uma pedagogia da diferença”. Constitui papel da escola<br />

inclusiva “[...] assegurar a co-construção dos conhecimentos sobre<br />

língua escrita, o acesso <strong>de</strong> todos aos usos valorizados da escrita, o<br />

processo contínuo <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong>senvolvimento [...]” (KLEIMAN,<br />

2001a, p. 97). Práticas pedagógicas referendadas por essas iniciativas<br />

governamentais, porém, “[...] <strong>de</strong>vem valorizar o que o analfabeto tem (e<br />

não o que lhe falta), possibilitando a sua inserção mais efetiva em uma<br />

socieda<strong>de</strong> marcada pela presença da escrita” (GALVÃO; DI PIERRO,<br />

2007). Essas proposições se relacionam, novamente, com as<br />

consi<strong>de</strong>rações sobre inclusão/exclusão em esferas <strong>de</strong> alfabetização<br />

institucionalizadas, já pontuadas nesta pesquisa.<br />

O analfabeto, assim, em programas institucionais, não po<strong>de</strong> ser<br />

concebido à luz <strong>de</strong> pseudolacunas em sua formação e em seus<br />

conhecimentos, <strong>de</strong>lineadas a partir <strong>de</strong> práticas uniformizantes e<br />

dominantes; <strong>de</strong>ve ser visto a partir das práticas <strong>de</strong> letramento que o<br />

caracterizam como membro <strong>de</strong> um grupo social com suas<br />

especificida<strong>de</strong>s. Importa, pois, que se consi<strong>de</strong>rem especialmente as<br />

estratégicas utilizadas por esses adultos nas relações intersubjetivas que<br />

estabelecem, estratégias que, até aquele momento <strong>de</strong> suas vidas,

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