19.04.2013 Views

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

177<br />

algum trabalho no computador, às vezes eu quero uma<br />

ajuda <strong>de</strong> um, daí eles só dão um sinalzinho ali disso e<br />

daquilo e <strong>de</strong>ixam a gente pra trás, então... Mas eu quando<br />

estou lá eu mexo, mesmo que eu saio, mexo em tudo, dá<br />

tudo errado, mas ao menos eu tô tentando mexer sabe?<br />

Mas eu acho que tinha que ter uma aula só <strong>de</strong> computador.<br />

Se eu tivesse computador em casa e soubesse usar... Que<br />

nem agora os meus trabalhos [os textos relacionados com a<br />

pesquisa] eu vou ter que pedir pra minha filha fazer porque<br />

a professora também tá tumultuada, daí eu perguntei pra<br />

ela se eu podia pedir pra ela me ajudar... E se eu soubesse<br />

mexer no computador, eu podia fazer, não precisava pedir<br />

pra ela fazer, se eu soubesse perfeitamente... Pra estudo<br />

era muito bom (M., entrevista realizada em 07 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />

2011).<br />

Estão implicadas no discurso das três participantes <strong>de</strong>mandas<br />

diferentes no uso <strong>de</strong>ssa ferramenta. Essas <strong>de</strong>mandas têm relação direta<br />

com o contexto extraescolar. Para E., o uso do computador <strong>de</strong>manda o<br />

auxílio imediato <strong>de</strong> uma pessoa; no caso, o professor, pela dificulda<strong>de</strong><br />

que tem em lidar com instrumentos eletrônicos <strong>de</strong> forma geral. O uso ou<br />

não <strong>de</strong>ssa ferramenta parece não ter utilida<strong>de</strong> prática extraescolar para<br />

ela. O que apren<strong>de</strong>u já é um ganho frente à falta <strong>de</strong> acesso a tais<br />

equipamentos em sua configuração microcultural.<br />

Já com relação à fala <strong>de</strong> MG., está subjacente uma concepção<br />

assistencialista da escolarização e dos acessos por ela facultados,<br />

especialmente quando MG. se coloca numa condição <strong>de</strong> favorecida já<br />

pelo fato <strong>de</strong> a escola lhe proporcionar o acesso a tal ferramenta, como<br />

visível em (tal qual em (16)): “Só em a gente po<strong>de</strong>r ir no computador<br />

já...”.<br />

Interessante ainda a diferença na percepção do auxílio dos<br />

professores no uso do computador por parte <strong>de</strong> MG. e M., que explicita<br />

posturas diferentes <strong>de</strong> ambas as alunas em relação à instituição escolar.<br />

O foco assistencialista explicitado na fala <strong>de</strong> MG. é corroborado quando<br />

ela afirma que (tal qual em (16)) [...] os professores estão sempre ali, ao<br />

passo que M. consi<strong>de</strong>ra a ajuda escassa quando afirma que (tal qual em<br />

(17)) [...] quando a gente precisa não tem o professor [...] ou que (ainda<br />

em (17)) [...] às vezes eu quero uma ajuda <strong>de</strong> um, daí eles só dão um<br />

sinalzinho ali disso e daquilo e <strong>de</strong>ixam a gente pra trás. Consi<strong>de</strong>rando<br />

que ambas fazem parte da mesma turma, têm acesso relativamente<br />

semelhante, bem como auxílio equivalente, tais distinções nas falas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!