Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
151<br />
entrevista com um planejamento relativamente aberto do que em uma<br />
entrevista padronizada ou em um questionário” (FLICK, 2004, p. 89).<br />
A entrevista etnográfica tem como especificida<strong>de</strong> a dificulda<strong>de</strong>,<br />
encontrada pelo pesquisador, em direcionar e moldar as conversas que<br />
surgem em campo para entrevistas em que as experiências particulares<br />
do participante encontram-se alinhadas ao assunto <strong>de</strong> pesquisa (FLICK,<br />
2004). Isso porque, nesse tipo <strong>de</strong> abordagem a estrutura local e temporal<br />
apresenta limites não muito claros, ou seja, “[...] as oportunida<strong>de</strong>s para<br />
uma entrevista geralmente surgem espontânea e surpreen<strong>de</strong>ntemente a<br />
partir <strong>de</strong> contatos <strong>de</strong> campo regulares” (FLICK, 2004, p. 105). Eis a<br />
razão pela qual levamos a campo apenas um <strong>de</strong>lineamento das questões<br />
que <strong>de</strong>vem ser abordadas, sendo as diretrizes já mencionadas os eixos da<br />
abordagem.<br />
Essas especificida<strong>de</strong>s do instrumento, mesmo com todas as<br />
ressalvas, foram muito favoráveis à pesquisa, já que permitiram, por<br />
exemplo, ao entrevistado expressar, com relativa liberda<strong>de</strong>, suas<br />
opiniões, sentimentos e vivências, ao mesmo tempo em que tal<br />
instrumento nos facultou maior autonomia durante o processo, tendo ele<br />
o papel <strong>de</strong> incentivador, conduzindo o participante a falar sobre<br />
<strong>de</strong>terminado assunto sem, no entanto, forçá-lo a respon<strong>de</strong>r (MARCONI;<br />
LAKATOS, 2007).<br />
Como já pontuamos, essa relativa autonomia que o instrumento<br />
permite ao pesquisador po<strong>de</strong> ser enriquecedora ou assumir caráter<br />
problemático, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da forma como o processo é conduzido, por<br />
isso Flick (2004, p.106) advoga em favor <strong>de</strong> que “[...] questões mais ou<br />
menos abertas sejam levadas à situação <strong>de</strong> entrevista na forma <strong>de</strong> um<br />
guia <strong>de</strong> entrevista”, ativida<strong>de</strong> que empreen<strong>de</strong>mos tal qual consta no<br />
Anexo C, consi<strong>de</strong>rando, paralelamente, as diretrizes a que já fizemos<br />
menção. Tais questões, porém, foram norteadoras e não centrais na<br />
condução <strong>de</strong>sse processo, a fim <strong>de</strong> que a entrevista não se assemelhasse<br />
a um interrogatório formal (FLICK, 2004). Já que nesse tipo <strong>de</strong><br />
abordagem é esperado que o participante responda livremente às<br />
questões, ficando a critério do pesquisador o momento <strong>de</strong> retornar ao<br />
roteiro quando há digressões por parte do participante ou alimentar esse<br />
tipo <strong>de</strong> prática.<br />
Coube, ainda, ao pesquisador uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sobre a<br />
condução da entrevista e gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>las só foram tomadas no<br />
momento em que se <strong>de</strong>ram tais entrevistas, mesmo que as questões<br />
norteadoras encorajadas por Flick (2004) tenham sido levadas a campo.<br />
Foi exigido do profissional, portanto, alto grau <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> durante<br />
a entrevista, além <strong>de</strong> percepção do que já foi dito pelo participante, das