Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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quando atenta para a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar o processo <strong>de</strong><br />
alfabetização, hoje, na assepsia da dimensão social nele implicada.<br />
Segundo Matencio (2003, p. 9), ainda, “[...] quando jovens e<br />
adultos chegam à escola, já construíram inúmeros conhecimentos<br />
linguísticos, textuais, pragmáticos e referenciais e já tiveram acesso, na<br />
produção e na recepção, a diferentes gêneros textuais”. Assim,<br />
procedimentos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem que operem com os textos em<br />
situações reais (salvaguardada a artificialida<strong>de</strong> constitutiva da esfera<br />
escolar quando do trato <strong>de</strong> gêneros <strong>de</strong> outras esferas) <strong>de</strong> produção,<br />
recepção e circulação só fazem sentido se permitirem ao aluno “[...]<br />
enten<strong>de</strong>r as razões <strong>de</strong> os sujeitos fazerem o que fazem nas interações e,<br />
<strong>de</strong>ssa forma, refletir sobre sua própria maneira <strong>de</strong> se relacionar com a<br />
língua/gem” (MATENCIO, 2003, p. 10).<br />
Sobre as particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> abordagem, Kleiman<br />
(2007, p. 4) adverte que “[...] é natural que essas representações ou<br />
mo<strong>de</strong>los que viabilizam a comunicação na prática social – os gêneros –<br />
sejam unida<strong>de</strong>s importantes no planejamento. Isso não significa,<br />
entretanto, que a ativida<strong>de</strong> da aula <strong>de</strong>va ser organizada em função <strong>de</strong><br />
qual gênero ensinar”. A autora advoga em favor <strong>de</strong> uma prática<br />
pedagógica que não tome gêneros dados a priori, ou seja, o professor<br />
po<strong>de</strong> ancorar sua ação pedagógica nos gêneros, explicar, atentar,<br />
exemplificar características dos textos, da língua ou <strong>de</strong> palavras que o<br />
compõem, mas “[...] tudo isso é bem diferente <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir, <strong>de</strong> antemão,<br />
que neste ano, serão ensinados os textos interativos (blog, email, texto<br />
informativo em forma <strong>de</strong> hipertexto entre outros), verbete e entrevista”<br />
(KLEIMAN, 2007, p. 4). Geraldi (2010) compartilha <strong>de</strong>sse zelo, ao<br />
atentar para os perigos da objetificação dos gêneros discursivos.<br />
Enfocando mais especificamente o processo <strong>de</strong> alfabetização, a<br />
autora assevera que “[...] a diferença entre ensinar uma prática e ensinar<br />
para que o aluno <strong>de</strong>senvolva uma competência ou habilida<strong>de</strong> não é mera<br />
questão terminológica” (KLEIMAN, 2007, p. 2). Assim,<br />
Nas escolas em que predomina a concepção <strong>de</strong><br />
leitura e da escrita como competências, concebese<br />
a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler e escrever como um<br />
conjunto <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> progressivamente<br />
<strong>de</strong>senvolvidas até se chegar a uma competência<br />
leitora e escritora i<strong>de</strong>al: a do usuário proficiente<br />
da língua escrita. Os estudos do letramento, por<br />
outro lado, partem <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong> leitura e<br />
<strong>de</strong> escrita como práticas discursivas, com