19.04.2013 Views

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

126<br />

mesmo através da leitura que <strong>de</strong>le fizemos” (FREIRE, 2009 [1982], p.<br />

20). Tal dinâmica é, para o autor, central no processo <strong>de</strong> alfabetização.<br />

Vóvio (2010) corrobora e ressignifica o i<strong>de</strong>ário <strong>de</strong> Paulo Freire<br />

à luz dos estudos do letramento, asseverando que<br />

Uma consequência dos estudos do letramento é<br />

agregar novos significados à proposição freiriana<br />

<strong>de</strong> que, ao estabelecer processos educativos, é<br />

necessário consi<strong>de</strong>rar a realida<strong>de</strong> social tanto dos<br />

sujeitos como dos contextos em que essas ações<br />

serão <strong>de</strong>senvolvidas. [...] Associa-se à<br />

focalização do local, para além das condições<br />

sociais e econômicas, o modo como a cultura<br />

escrita circula, é apropriada e constitui as<br />

relações sociais nesses contextos (VÓVIO, 2010,<br />

p. 108).<br />

A autora (2010) atenta, ainda, para o fato <strong>de</strong> que existem formas<br />

locais <strong>de</strong> uso da escrita conhecidas pelos habitantes, mas que não são<br />

claras para educadores, gestores e pesquisadores. Assim, há que se<br />

i<strong>de</strong>ntificar os significados atribuídos pelos sujeitos que as praticam,<br />

incorporando aos processos educativos uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> práticas e <strong>de</strong><br />

acervos que comumente não tem espaço nesses lugares, mas que são<br />

úteis em outros contextos. Isso, no entanto, não implica atribuir caráter<br />

utilitário aos programas <strong>de</strong> alfabetização ou dicotomizar os universos<br />

local e global, já que práticas situadas estão também inseridas no<br />

espectro social mais amplo, se não por outras razões porque o compõem.<br />

Processos educativos, que incluem a aprendizagem da leitura e<br />

a alfabetização, são, para Paulo Freire (2009 [1982]), atos <strong>de</strong> educação,<br />

e educação é um ato fundamentalmente político. O autor reafirma, nesse<br />

sentido, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que educadores e educandos se posicionem<br />

criticamente ao vivenciarem a educação, superando as posturas ingênuas<br />

ou “astutas” e negando, <strong>de</strong>ssa forma, a pretensa neutralida<strong>de</strong> da<br />

educação (FREIRE, 2009 [1982]). O autor enten<strong>de</strong> “[...] a alfabetização<br />

<strong>de</strong> adultos como um ato político e um ato <strong>de</strong> conhecimento, por isso<br />

mesmo, como um ato criador” (FREIRE, 2009 [1982], p. 19). Como ato<br />

do conhecimento que é a alfabetização <strong>de</strong> adultos,<br />

[...] o processo <strong>de</strong> alfabetização tem, no<br />

alfabetizando, o seu sujeito. O fato <strong>de</strong> ele<br />

necessitar <strong>de</strong> ajuda do educador, como ocorre em<br />

qualquer relação pedagógica, não significa <strong>de</strong>ver

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!