Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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<strong>de</strong>mandas do tempo histórico e da socieda<strong>de</strong> em que vivem no que<br />
respeita à dimensão macrocultural das relações que estabelecem ou<br />
<strong>de</strong>veriam estabelecer.<br />
Na organização <strong>de</strong>sses programas, importa tematizar, também,<br />
a construção i<strong>de</strong>ntitária do professor. Se, como aponta Kleiman (2001b),<br />
o professor é parte central na criação i<strong>de</strong>ntitária dos alfabetizandos,<br />
importa compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que forma isso se dá em esfera escolar.<br />
Kleiman há cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos vem discutindo questões sobre a formação<br />
<strong>de</strong> professores, sobre o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização <strong>de</strong>sses profissionais e<br />
sobre a própria construção i<strong>de</strong>ntitária <strong>de</strong>sses professores.<br />
A gama <strong>de</strong> agentes que atua em alfabetização <strong>de</strong> adultos é<br />
constituída por um amplo universo <strong>de</strong> pessoas, que não só assumem<br />
muitas funções e atribuições, como também têm um processo <strong>de</strong><br />
construção profissional bastante complexo (VÓVIO; DE GRANDE,<br />
2010). Essa complexida<strong>de</strong> constitutiva da ação do profissional<br />
alfabetizador <strong>de</strong> adultos se dá também pelas diferentes facetas<br />
implicadas na prática escolar cotidiana, isto é, pelo envolvimento <strong>de</strong><br />
perspectiva psicológica, psicolinguística, sociolinguística e,<br />
efetivamente, linguística (SOARES, 2003).<br />
Acreditamos que, em se tratando se iniciativas governamentais<br />
<strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> adultos, a questão da construção i<strong>de</strong>ntitária do<br />
alfabetizador é processo singular, isso porque três pontos nos parecem<br />
especialmente relevantes na convocação/chamado ao processo <strong>de</strong><br />
alfabetização <strong>de</strong>sses profissionais. O primeiro <strong>de</strong>les é o tempo escasso<br />
em que se dá o curso; são geralmente seis meses <strong>de</strong> duração sob pretexto<br />
<strong>de</strong> se tratarem <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> alfabetização básicos. Esse tempo pareceria<br />
razoável se fosse focada apenas a apropriação do sistema alfabético<br />
nesses cursos, o que não ten<strong>de</strong> a acontecer e, em nossa compreensão,<br />
nem po<strong>de</strong> acontecer. Tais cursos, nas últimas décadas, vêm exercitando<br />
uma aproximação mais intensa com a leitura e a escrita numa<br />
perspectiva sócio-histórica e dos estudos <strong>de</strong> letramento – questões<br />
discutidas em seções anteriores -, o que, em nosso entendimento,<br />
representa um gran<strong>de</strong> avanço, mas, consi<strong>de</strong>rando a escassez <strong>de</strong> tempo<br />
dos programas, tem se revelado um <strong>de</strong>safio substantivo ao alfabetizador.<br />
Depois, salta aos olhos o fato <strong>de</strong> ‘qualquer cidadão’ ser<br />
chamado a alfabetizar 75 , em alguns <strong>de</strong>sses programas, dando à ativida<strong>de</strong><br />
75 Segundo informações do MEC - disponível em<br />
http://portal.mec.gov.br/in<strong>de</strong>x.php?option=com_content&view=article&id=13690&Itemid=81<br />
7, acesso em 01/03/2011 -, o quadro <strong>de</strong> alfabetizadores <strong>de</strong>ve ser composto preferencialmente<br />
por professores da re<strong>de</strong> pública que receberam bolsa do Ministério Público e <strong>de</strong>verão<br />
<strong>de</strong>senvolver a ativida<strong>de</strong> ligada ao Brasil Alfabetizado no contraturno <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, no