Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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assumir que existem vários tipos <strong>de</strong> letramento nas comunida<strong>de</strong>s e que<br />
as práticas associadas a esse letramento têm base social (FREIRE 63 ,<br />
2009 [1982]). Além disso, é central que entendamos, principalmente na<br />
construção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> alfabetização, que as práticas <strong>de</strong> letramento<br />
ten<strong>de</strong>m a diferir substancialmente <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> escolar para<br />
outra e que, por vezes, a própria comunida<strong>de</strong> escolar se apresenta<br />
heterogênea no que respeita às representações que alimenta sobre a<br />
modalida<strong>de</strong> escrita.<br />
3.4 PRÁTICAS E EVENTOS DE LETRAMENTO: VIVÊNCIAS DOS<br />
ALFABETIZANDOS EM FOCO NO FAZER PEDAGÓGICO<br />
Conceber espaços escolares como inerentemente heterogêneos<br />
implica conceber, também, que, nesses espaços, os sujeitos são oriundos<br />
<strong>de</strong> entornos socioculturais que se caracterizam por diferentes formas <strong>de</strong><br />
fazer uso da escrita, diferentes maneiras <strong>de</strong> valorar a escrita, diferentes<br />
modos <strong>de</strong> pensar a escrita etc.. As situações em que a modalida<strong>de</strong> escrita<br />
da língua <strong>de</strong>sempenha um papel nas interações humanas, como ler um<br />
livro, escrever um e-mail, orientar-se por uma placa, enfim, situações<br />
nas quais po<strong>de</strong>mos observar os sujeitos interagindo pela escrita,<br />
constituem eventos <strong>de</strong> letramento. O conceito <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong> letramento,<br />
para Street (2003, p. 07), permite<br />
Focalizar uma situação específica em que as<br />
coisas estejam acontecendo, e em que se possa vêlas<br />
– esse é o evento clássico <strong>de</strong> letramento, em<br />
que conseguimos observar um evento que envolva<br />
a leitura e/ou a escrita, e do qual po<strong>de</strong>mos<br />
começar a <strong>de</strong>terminar as características: aqui,<br />
po<strong>de</strong>ríamos observar um tipo <strong>de</strong> evento, um<br />
evento <strong>de</strong> letramento acadêmico, e ali outro,<br />
bastante diferente – pegar o ônibus, sentar na<br />
barbearia, negociar o caminho.<br />
Esses eventos são, resumidamente, concebidos como ocasiões<br />
em que a escrita esteja implicada na natureza das interações dos<br />
participantes e <strong>de</strong> seus processos interpretativos (HEATH, 2001 [1982]).<br />
Assim, nos eventos <strong>de</strong> letramento “[...] we looked for images of people<br />
63 Paulo Freire não usou o termo letramento, mas suas teorizações sobre os usos da escrita são<br />
insistentemente referenciadas por autores como Brian Street, David Barton e James Paul Gee,<br />
os quais estão <strong>de</strong>ntre os principais teóricos que tratam <strong>de</strong>sse tema contemporaneamente.