Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
125<br />
lhes ou não condições para que confiram a esse processo a excelência<br />
didático-pedagógica e os significados socioculturais <strong>de</strong> que precisa se<br />
revestir, uma discussão que nos leva a um dos mais importantes teóricos<br />
<strong>de</strong>sse campo: Paulo Freire, conteúdo da próxima seção.<br />
5.3 ESPECIFICIDADES DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE<br />
ADULTOS À LUZ DO PENSAMENTO FREIRIANO<br />
Compreen<strong>de</strong>ndo, assim, que o caminho para a construção <strong>de</strong> um<br />
processo <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> adultos está na consi<strong>de</strong>ração das razões que<br />
movem seu ingresso nesses programas, tanto quanto no conhecimento<br />
<strong>de</strong> suas práticas <strong>de</strong> letramento, a partir do que <strong>de</strong>ve se dar a elaboração<br />
didática (HALTÉ, 2008 [1998]), pautada em bases teóricas <strong>de</strong>finidas,<br />
importa particularizar, nesta seção, a expressiva contribuição <strong>de</strong> um dos<br />
autores mais importantes, no Brasil, em se tratando <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong><br />
adultos: Paulo Freire. O pensamento <strong>de</strong>sse autor ficou conhecido<br />
internacionalmente justamente pelo seu trabalho com processos <strong>de</strong><br />
alfabetização voltados a essa parcela da população. Dentre os aspectos<br />
mais significativos do seu pensamento está o fato <strong>de</strong> ele envolver os<br />
alfabetizandos numa espécie <strong>de</strong> círculo cultural em que eles se sentem<br />
participando, na condição <strong>de</strong> sujeitos <strong>de</strong> uma experiência efetiva.<br />
Tal envolvimento cultural proposto pelo autor relaciona-se com<br />
sua <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> que a leitura da palavra é sempre precedida da leitura do<br />
mundo. Nesse sentido, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />
[...] uma compreensão crítica do ato <strong>de</strong> ler, que<br />
não se esgota na <strong>de</strong>codificação pura da palavra<br />
escrita ou da linguagem escrita, mas que se<br />
antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A<br />
leitura do mundo prece<strong>de</strong> a leitura da palavra, daí<br />
que a posterior leitura <strong>de</strong>sta não possa prescindir<br />
da continuida<strong>de</strong> da leitura daquele. Linguagem e<br />
realida<strong>de</strong> se pren<strong>de</strong>m dinamicamente (FREIRE,<br />
2009 [1982], p. 11).<br />
Para o autor, a leitura da palavra, da frase, da sentença, não po<strong>de</strong><br />
significar uma ruptura com a “leitura” do mundo. A leitura da palavra,<br />
sim, <strong>de</strong>ve ser a leitura da ‘palavramundo’. No pensamento <strong>de</strong> Freire, o<br />
movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre<br />
presente no processo, <strong>de</strong> modo que “[...] a palavra dita flui do mundo