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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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à educação, comprometendo-se com a<br />

<strong>de</strong>mocratização dos sistemas <strong>de</strong> ensino e a criação<br />

<strong>de</strong> instrumentos que garantam a educação para<br />

todos como direito humano fundamental. Não se<br />

trata apenas <strong>de</strong> oferecer alfabetização ou<br />

escolarização por um curto tempo, mas fazer valer<br />

os sentidos da EJA [que enten<strong>de</strong>m] a educação<br />

como chave para o século XXI e consi<strong>de</strong>ram a<br />

humanização dos sujeitos como uma resultante <strong>de</strong><br />

aprendizagens que se dão ao longo <strong>de</strong> toda a vida.<br />

Experiências <strong>de</strong> implicações etnográficas que temos vivenciado<br />

em salas <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> jovens e adultos, porém,<br />

sugerem haver aparente paradoxo entre o que é proposto pelos mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> educação <strong>de</strong> jovens e adultos, que, em tese, teriam a função <strong>de</strong> coconstruir<br />

um alargamento dos usos sociais da escrita em se tratando<br />

<strong>de</strong>ssas populações, e as necessida<strong>de</strong>s que levam esses adultos às salas <strong>de</strong><br />

aula muitos anos <strong>de</strong>pois do momento e do tempo tidos como a<strong>de</strong>quados<br />

do ponto <strong>de</strong> vista da ida<strong>de</strong> escolar (FREIRE; MACEDO, 2006 [1990]).<br />

Parece-nos evi<strong>de</strong>nte que em nada contribui para esse<br />

alargamento – quer seja no âmbito profissional, social, familiar etc. –<br />

trabalhar em processos <strong>de</strong> alfabetização com mo<strong>de</strong>los universalizantes,<br />

construídos a priori a <strong>de</strong>speito dos letramentos locais (STREET, 2003),<br />

mo<strong>de</strong>los caracterizados por enfoques gramaticais assépticos, por textos<br />

<strong>de</strong>scolados dos usos sociais da modalida<strong>de</strong> escrita, por textos extraídos<br />

<strong>de</strong> seus suportes originais e pela prevalência <strong>de</strong> textos canônicos, isso<br />

em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> trabalhar em contextos <strong>de</strong> sentidos, privilegiando<br />

gêneros do discurso (BAKHTIN, 2003 [1952/53]) que, em alguma<br />

medida, tenham relevância social para os envolvidos nesses processos<br />

educacionais.<br />

Com relação aos programas <strong>de</strong> alfabetização, ainda, Freire e<br />

Macedo (2006 [1990]) afirmam que é necessário instituir campanhas <strong>de</strong><br />

alfabetização que transcendam o atual <strong>de</strong>bate a respeito da crise da<br />

alfabetização, o que significa dizer que é preciso pensar para além da<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que alfabetização é um processo mecânico simplesmente e que<br />

se trata da aquisição técnica <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> escrita.<br />

Temos, no entanto, presenciado, nos contextos em que nos é dado<br />

vivenciar experiências educacionais nessa área, uma incompatibilida<strong>de</strong><br />

entre o que propõem os documentos parametrizadores ao afirmarem que,<br />

para ler e escrever, é necessário construir significados e produzir

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