19.04.2013 Views

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

227<br />

consi<strong>de</strong>ra relevante o trabalho com linguagem (no contexto em questão<br />

entendida como leitura, interpretação e escrita); os alunos, em<br />

contrapartida, expressam interesse em saberes tipicamente escolares; e a<br />

professora, por sua vez, enten<strong>de</strong> ser necessário, em alguma medida,<br />

aten<strong>de</strong>r também aos anseios dos alunos, mesmo que isso signifique ter<br />

<strong>de</strong> burlar as recomendações da coor<strong>de</strong>nação.<br />

Essa dissonância corrobora nossas inferências, realizadas a<br />

partir <strong>de</strong> vivências em classes <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> jovens e<br />

adultos, que dão conta <strong>de</strong> um aparente paradoxo entre o que é proposto<br />

pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> jovens e adultos, que, em tese, teriam a<br />

função <strong>de</strong> co-construir um alargamento dos usos sociais da escrita em se<br />

tratando <strong>de</strong>ssas populações, e as necessida<strong>de</strong>s que levam esses adultos<br />

às salas <strong>de</strong> aula muitos anos <strong>de</strong>pois do momento e do tempo tidos como<br />

a<strong>de</strong>quados do ponto <strong>de</strong> vista da ida<strong>de</strong> escolar (FREIRE; MACEDO,<br />

2006 [1990]) 103 .<br />

(63) Eu sempre trabalhei com criança, cui<strong>de</strong>i <strong>de</strong> criança, na<br />

igreja trabalhei com criança, tudo isso já vem <strong>de</strong> muito<br />

tempo, sabe, eu tinha aquele <strong>de</strong>sejo, assim,’o que eu podia<br />

fazer, assim, pra trabalhar; assim, esse dom pra trabalhar<br />

com criança, o que eu podia fazer pra trabalhar mais, assim,<br />

com criança?’ Só que eu não entendia bem assim. Daí a<br />

minha filha falou ‘a mãe podia fazer alguma coisa, assim,<br />

pra mãe estudar e fazer pedagogia’. Depois que eu comecei<br />

a estudar, eu comecei a pensar, assim, ‘como é que eu podia<br />

fazer pra me formar e trabalhar com criança?’ E brotou<br />

mais quando eu comecei a estudar porque agora eu sei que<br />

eu vou ter um jeito, assim, que eu possa me formar em<br />

alguma coisa. A única coisa que eu não entendia bem é como<br />

a EJA, eu queria apren<strong>de</strong>r mesmo, que eu achava que eu ia<br />

apren<strong>de</strong>r logo era a matemática, o português, que eu ia já<br />

entrar naquilo que eu parei, mas, quando eu cheguei aqui foi<br />

tudo diferente, foi logo com pesquisa; os outros tipos <strong>de</strong><br />

matérias né então eu achava que fosse... Mas agora eu tô<br />

acostumada, tá bem legal, tá bem bom, tô apren<strong>de</strong>ndo, já<br />

aprendi bastante assim coisas que eu não sabia. (E.,<br />

entrevista realizada em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011).<br />

O fragmento (63) converge com a valoração dos saberes<br />

tipicamente escolares evi<strong>de</strong>nciados na fala <strong>de</strong> M., em (61), e<br />

corroborado na nota <strong>de</strong> campo (62). Aponta, entretanto, para um<br />

103 Tal aspecto será abordado com mais rigor no nono capítulo <strong>de</strong>sta dissertação.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!