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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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Há que se registrar, nesse sentido, que as três alunas tiveram<br />

uma inserção escolar no período da infância e, como <strong>de</strong>corrência disso,<br />

se apropriaram, em alguma medida e com proficiências distintas, da<br />

leitura, especialmente, e da escrita. Não se trata, pois, <strong>de</strong> senhoras em<br />

nível <strong>de</strong> alfabetismo absoluto. Elas, porém, mencionam com cautela as<br />

aprendizagens <strong>de</strong> que já se apropriaram quando da retomada da<br />

escolarização. Nesses momentos, elas não se colocam como alguém que<br />

tinha uma performance <strong>de</strong>ficitária no que compete aos usos da escrita.<br />

Colocam-se na posição <strong>de</strong> quem procurou um processo <strong>de</strong> alfabetização<br />

para apren<strong>de</strong>r mais, o que converge com o proposto por Maciel e Lucio<br />

(2010, p. 485, grifos das autoras) quando afirmam que “[alfabetizandos]<br />

são cautelosos quando questionados sobre o que apren<strong>de</strong>ram ao longo<br />

<strong>de</strong>sses anos, preferindo dizer que <strong>de</strong>senvolveram suas habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

leitura e escrita [...]”, posição <strong>de</strong>monstrada na fala <strong>de</strong> MG. ao afirmar<br />

que o processo <strong>de</strong> escolarização no qual está inserida:<br />

(22) [Mudou a minha] falo, leio e escrevo muito melhor,<br />

melhorei muito mesmo [...] com os estudos, interagindo<br />

com os colegas, vendo que todo mundo trabalha, até os<br />

adolescentes, que todo mundo tá querendo crescer, foi<br />

muito bom (MG., entrevista realizada em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />

2011).<br />

Como exemplo <strong>de</strong>sse trânsito social por parte das participantes<br />

<strong>de</strong>ste estudo, elencamos algumas regularida<strong>de</strong>s que se eliciaram nos<br />

<strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong>las. Assim, passamos, agora, à <strong>de</strong>scrição das ativida<strong>de</strong>s<br />

que essas mulheres realizam no cotidiano e como elas mesmas<br />

<strong>de</strong>screvem suas performances.<br />

Com relação ao pagamento das contas, MG. informa ser<br />

inteiramente responsável pelo pagamento das contas <strong>de</strong> casa. M., por sua<br />

vez, alterna essa função com o marido. Enquanto E. não <strong>de</strong>sempenha tal<br />

ativida<strong>de</strong>, que fica a cargo única e exclusivamente do marido. Nos<br />

trechos a seguir fica configurada essa <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> E. em relação ao<br />

marido, que se esten<strong>de</strong> para além <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> especificamente.<br />

Quando E. afirma que (23) o marido às vezes ia trabalhar e eu não<br />

podia nem sair <strong>de</strong> casa por causa do ciúme (E., entrevista realizada em<br />

12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011) ou que as compras <strong>de</strong> casa são feitas na maioria<br />

das vezes pelo marido que utiliza a memória para lembrar dos produtos,<br />

ou ainda:

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