Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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isso, ser libertada <strong>de</strong> cima para baixo [...].<br />
(FREIRE, 2009 [1982], p. 27)<br />
Para o autor, educadores autoritários ten<strong>de</strong>m a negar a<br />
solidarieda<strong>de</strong> entre o ato <strong>de</strong> educar e o ato <strong>de</strong> serem educados pelos<br />
educandos. Separam, assim, o ato <strong>de</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> forma que<br />
ensina quem sabe e apren<strong>de</strong> quem é tido como aquele que nada sabe.<br />
Freire (2009 [1982], p.27) assevera, nesse sentido, que “[...] ninguém<br />
sabe tudo e que ninguém tudo ignora”. Um educador humanista, por<br />
outro lado, insurge-se contra essa educação da passagem/<strong>de</strong>pósito do<br />
conhecimento, ao que o autor chama <strong>de</strong> “educação bancária”. A ação<br />
<strong>de</strong>sse profissional caminha no sentido <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar-se com os<br />
educandos e <strong>de</strong> humanizar a ambos, educador e educando, já que “[...] a<br />
libertação autêntica, que é a humanização em processo, não é uma coisa<br />
que se <strong>de</strong>posita nos homens. Não é uma palavra a mais, oca, mitificante.<br />
É práxis, que implica a ação e reflexão dos homens sobre o mundo para<br />
transformá-lo” (FREIRE, 2009 [1969], p. 77).<br />
Sobre a proposta inclusiva <strong>de</strong>fendida pelas iniciativas<br />
educativas e a realida<strong>de</strong> exclusiva realizada pela escrita nesses espaços,<br />
aspecto já abordado na discussão empreendida nesta dissertação, o autor<br />
pontua que é emprestado à palavra escrita um caráter mágico, sendo ela<br />
vista ou concebida quase como uma palavra salvadora. Dessa forma,<br />
O analfabeto, porque não a tem, é um ‘homem<br />
perdido’, cego, quase fora da realida<strong>de</strong>. É<br />
preciso, pois, salvá-lo, e sua salvação está em<br />
passivamente receber a palavra – uma espécie <strong>de</strong><br />
amuleto – que a ‘parte melhor’ do mundo lhe<br />
oferece benevolamente. Daí que o papel do<br />
analfabeto não seja o <strong>de</strong> sujeito <strong>de</strong> sua própria<br />
alfabetização, mas o <strong>de</strong> paciente que se submete<br />
docilmente a um processo em que não tem<br />
ingerência (FREIRE, 2009 [1969] p. 28).<br />
Ao contrário disso, Freire sugere que o alfabetizando <strong>de</strong>ve se inserir no<br />
processo criador da alfabetização, <strong>de</strong> que ele é também sujeito.<br />
A alfabetização é responsável por <strong>de</strong>senvolver “[...] as<br />
condições teóricas e práticas mediante as quais os seres humanos po<strong>de</strong>m<br />
situar-se em suas respectivas histórias e [...] fazer-se presentes como<br />
agentes na luta para expandir as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida e da liberda<strong>de</strong><br />
humanas” (FREIRE; MACEDO, 2006 [1990], p. 10). Tal relevância da<br />
alfabetização, no entanto, ten<strong>de</strong> a ser supervalorizada em iniciativas