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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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217<br />

No trecho (52), parece-nos bastante evi<strong>de</strong>nte o componente<br />

terapêutico que as vivências na escola representam, assim como afirma<br />

Stromquist (2005). As motivações dos alunos na busca por um programa<br />

<strong>de</strong> alfabetização formal, segundo a autora, ten<strong>de</strong>m a ser diferentes das<br />

manifestadas pelos i<strong>de</strong>alizadores dos programas, o que é evi<strong>de</strong>nciado na<br />

fala <strong>de</strong> E.. Eis, no caso <strong>de</strong>ssa senhora, as questões relacionadas à<br />

ontologia humana a que fazíamos menção anteriormente; a escola como<br />

função terapêutica.<br />

(53) Eu fui pra Europa, trabalhei, fizemos um dinheiro, mas meu<br />

marido faleceu e eu tive voltar e por alguns problemas perdi<br />

tudo [conta toda a história]. Até hoje, eu continuo tentando<br />

levantar a cabeça, a minha saída foi o colégio porque eu<br />

vejo assim que a única coisa que ainda me dá uma luz é que<br />

eu estou apren<strong>de</strong>ndo um pouco, que a gente <strong>de</strong>ixa tudo pelo<br />

trabalho, pela matéria, pra não nos faltar, pra gente ter uma<br />

vida melhor e dar uma vida melhor pros filhos e tá correto,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a pessoa não vá roubar, seja honesta, com<br />

trabalho honesto, tem <strong>de</strong> trabalhar sim, mas hoje eu me dou<br />

conta, que perdi tudo, que eu <strong>de</strong>via ter trabalhado menos e<br />

ter ligado o estudo com o trabalho. A escola tá me ensinando<br />

muito, tô apren<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>mais, se eu soubesse disso antes, eu<br />

teria continuado, eu não teria parado porque os pais são os<br />

eixos dos filhos, a escola é o eixo sim, é a base, a ler e a<br />

escrever, a falar com as pessoas, a falar corretamente,<br />

sabendo o que tá falando, e não falar ignorantemente sem<br />

saber o que está dizendo. Porque as pessoas que sabem<br />

mais, quando estão falando com você, elas analisam o que<br />

você está falando, e sempre tem aqueles que pensam ‘ah, é<br />

burra, é burra, é burra, é ignorante, ignorante, ignorante,<br />

essa é ingênua mesmo, não sabe nem o que tá dizendo, então<br />

vamos nos aproveitar’, não só nesse caso, mas em muitos<br />

casos. E já quando você vai para o colégio, você se sente<br />

firme, você apren<strong>de</strong>, o professor ensina, a gente começa a<br />

apren<strong>de</strong>r as coisas normais mesmo, porque eles mostram no<br />

quadro, eles conversam, eles explicam e isso é muito bom.<br />

(MG., entrevista realizada em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011). 101<br />

101 Arriscamo-nos, aqui, a repetir excertos já registrados em seções anteriores com outros<br />

propósitos analíticos. Fazêmo-lo em nome da relevância que atribuímos ao conteúdo também<br />

nesse eixo <strong>de</strong> análise.

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