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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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pesquisa são, principalmente, <strong>de</strong> cunho i<strong>de</strong>ntitário ou relacionadas à<br />

mobilida<strong>de</strong> e questões <strong>de</strong> pragmatismo estreito.<br />

A mobilida<strong>de</strong> social em alguma medida é comprometida visto<br />

que ela precisa <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> familiar (KLEIMAN, 2001a) ou <strong>de</strong> outrem<br />

para executar ativida<strong>de</strong>s como sacar dinheiro no caixa eletrônico,<br />

utilizar o computador ou realizar <strong>de</strong>terminadas interações por escrito<br />

com relativa formalida<strong>de</strong>. É sabido que adultos pouco escolarizados<br />

<strong>de</strong>senvolvem estratégias bem-sucedidas <strong>de</strong> sobrevivência nos ambientes<br />

urbanos letrados, mediante utilização <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s como oralida<strong>de</strong>,<br />

memória, cálculo e, principalmente, acionando re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> e<br />

apoio <strong>de</strong> familiares, colegas e amigos (KLEIMAN, 2001a; GALVÃO;<br />

DI PIERRO, 2007). Nesse sentido, a construção <strong>de</strong> práticas sociais <strong>de</strong><br />

letramento que dêem conta <strong>de</strong> tais ativida<strong>de</strong>s seguramente representam<br />

elementos <strong>de</strong> inclusão social (MACIEL; LUCIO, 2010). Segundo<br />

Maciel e Lucio (2010, p. 484), ainda, “[...] percebemos que, na<br />

perspectiva dos sujeitos, a fronteira que separa essa <strong>de</strong>pendência do<br />

outro e a in<strong>de</strong>pendência é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> certas práticas<br />

<strong>de</strong> escrita [...]”.<br />

(40) [...] cada vez que tu precisar ler um documento, assinar um<br />

documento, tu vai ter dúvida se vai per<strong>de</strong>r ou não, será que<br />

aquilo que botaram tá certo, tá errado, então isso daí é<br />

muito complicado. Às vezes, tu assina uma coisa e tu não<br />

sabe o que diz duas ou três cláusulas e tu já tá mal, tu não<br />

sabe, tu não estudou, a dor <strong>de</strong> cabeça <strong>de</strong> noite, será que <strong>de</strong>u<br />

tudo certo, será que eu não vou per<strong>de</strong>r, daí assim tu fica<br />

meses, até que tu vê que passou tudo e que não vai acontecer<br />

nada (MG., entrevista realizada em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011).<br />

Estão implicadas nessa falta <strong>de</strong> autonomia para o uso <strong>de</strong> tais<br />

instrumentos, questões <strong>de</strong> segurança, assim como evi<strong>de</strong>nciam os<br />

fragmentos imediatamente anteriores. Essas questões são explicitadas na<br />

fala <strong>de</strong> M., quando <strong>de</strong>monstra preocupação com dados pessoais que<br />

conferem segurança à transação bancária (senha) quando do inevitável<br />

uso <strong>de</strong>ssas ferramentas eletrônicas e, como consequência, a solicitação<br />

<strong>de</strong> auxílio, e na fala <strong>de</strong> MG. quando relata a angústia a que é submetida<br />

sempre que precisa assinar algum tipo <strong>de</strong> documento pela dificulda<strong>de</strong><br />

que enfrenta ante esse tipo <strong>de</strong> evento.<br />

Interessa mencionar, nesse ponto, que, embora não fale em<br />

primeira pessoa, MG. relata, em (40), as muitas vezes em que já se viu<br />

nessa situação, sendo inclusive prejudicada financeiramente em algumas

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