Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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muito provavelmente pela compreensão docente <strong>de</strong> que a dificulda<strong>de</strong> em<br />
uma escrita <strong>de</strong>sse tipo seja menor em comparação a um texto inteiro<br />
pelo fato <strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> apropriação da escrita estar ainda em<br />
construção. Em nosso entendimento, faz-se necessário o trabalho com<br />
textos, quer seja na leitura ou na produção textual, tal qual eles circulam<br />
em socieda<strong>de</strong>, o que não ocorre com HPE’s e parágrafos.<br />
Há, ainda, a necessida<strong>de</strong>, nesses contextos, <strong>de</strong> implementação<br />
da compreensão leitora <strong>de</strong>sses alunos e do entendimento dos diferentes<br />
tipos <strong>de</strong> suportes e leituras realizadas – para se informar, para <strong>de</strong>leite,<br />
para instrução etc. (GERALDI, 1997). Vimos muitos movimentos por<br />
parte da segunda alfabetizadora em direção à potencialização da<br />
compreensão leitora por parte dos alfabetizandos, como registra a nota a<br />
seguir.<br />
(73) A segunda professora-alfabetizadora traz textos escritos com<br />
ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interpretação (Anexo G). Os textos têm<br />
temática comum, uma interface entre <strong>de</strong>smatamento e<br />
urbanização, como propõe a professora. Um dos textos está<br />
sob forma <strong>de</strong> poesia, é um poema; o outro texto está sob<br />
forma <strong>de</strong> prosa. A professora aborda essa diferença. Ambos<br />
estão lado a lado na folha, <strong>de</strong>scolados do suporte. A<br />
condução das ativida<strong>de</strong>s que ela traz por escrito (Anexo H)<br />
segue um padrão <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> discussão oralmente sobre<br />
as possíveis relações entre os textos, seguida <strong>de</strong> um comando<br />
<strong>de</strong> leitura dos enunciados e resposta das questões. Apenas<br />
dois alunos conseguem proce<strong>de</strong>r à leitura dos enunciados e<br />
precisam <strong>de</strong> ajuda da professora que lê as alternativas para<br />
respon<strong>de</strong>r às questões. Aos <strong>de</strong>mais alunos, a professora lê e<br />
explica o comando <strong>de</strong> cada uma das questões várias vezes e,<br />
no entanto, eles não conseguem executar as ativida<strong>de</strong>s. Ela<br />
recua, recolhe a ativida<strong>de</strong> e parte para o trabalho com um<br />
poema <strong>de</strong> Mário Quintana sobre a cida<strong>de</strong>zinha. Os alunos<br />
leem em silêncio, ela lê a eles, eles leem em voz alta, ela<br />
torna a ler, até que, pelas discussões, eles pareçam ter<br />
compreendido minimamente o teor do texto. Em seguida, a<br />
professora sugere que eles produzam individualmente um<br />
poema tratando da sua cida<strong>de</strong>zinha ou seu bairro e façam<br />
um <strong>de</strong>senho sobre isso. Os alunos realizam a ativida<strong>de</strong>.<br />
Leem os poemas em voz alta, comentam, batem palmas. A<br />
ativida<strong>de</strong> é muito bem sucedida. Antes disso, inclusive da<br />
produção dos poemas, os alunos pintam a figura da<br />
cida<strong>de</strong>zinha que aparece ao lado do poema – ranço, a nosso<br />
ver, da abordagem infantilizada a que estavam acostumados.