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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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consi<strong>de</strong>rando que são bastante distintas <strong>de</strong> um contexto para outro. O<br />

mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>ológico assume premissas diferentes das adotadas pelo<br />

mo<strong>de</strong>lo autônomo e propõe que o letramento seja concebido como uma<br />

prática <strong>de</strong> cunho social, portanto situado sócio-historicamente. Além<br />

disso, esse mo<strong>de</strong>lo nega a neutralida<strong>de</strong> conferida ao processo pelo<br />

mo<strong>de</strong>lo autônomo e compreen<strong>de</strong> o letramento como “[...] sempre<br />

envolto em princípios epistemológicos socialmente construídos”<br />

(STREET, 2003, p. 4). Assim sendo, é possível afirmar que “[...]<br />

práticas variáveis <strong>de</strong> letramento são sempre enraizadas em relações <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r, e que as aparentes inocência e neutralida<strong>de</strong> das ‘regras’ atuam<br />

para disfarçar as maneiras <strong>de</strong> manter esse po<strong>de</strong>r através do letramento<br />

[...]” (STREET, 2003, p. 10). As vivências neste estudo chamaram nossa<br />

atenção para formas como – não raro sem o saber efetivamente –<br />

endossamos relações sociais assimétricas: quando, por exemplo, nossa<br />

ação se limita a focalizar o senso comum – tal qual se <strong>de</strong>u na cantiga<br />

infantil –, sem expandir representações <strong>de</strong> mundo <strong>de</strong> nossos alunos.<br />

Outro aspecto que chamou nossa atenção, durante as vivências<br />

oportunizadas por esse estudo, foi a circunscrição das produções textuais<br />

a HPE’s. Isso porque o suporte HPE não se presta para a instituição <strong>de</strong><br />

relações sociais efetivas, ainda que, nessa ativida<strong>de</strong>, haja uma forte<br />

relação com as vivências dos alunos e com os usos da escrita que eles<br />

empreen<strong>de</strong>m fora da escola. Vale, pois, a <strong>de</strong>speito disso, o alerta <strong>de</strong><br />

Kleiman (2001 [1995], p. 45): “[...] uma prática escolar que visa ao<br />

domínio da escrita para a produção <strong>de</strong> um texto expositivo abstrato,<br />

internamente consistente, pressupõe uma separação polarizada entre a<br />

oralida<strong>de</strong> e a escrita”. Assim, ainda que as HPE’s estejam ancoradas em<br />

vivências dos alfabetizandos, corporificam, em sua materialização no<br />

suporte, a artificialida<strong>de</strong> escolar. Parece haver, nesse processo, um<br />

movimento em busca <strong>de</strong> maiores elos entre ambientação escolar e<br />

ambientação extraescolar, movimento que ainda esbarra na tradição<br />

socialmente asséptica dos processos <strong>de</strong> escolarização.<br />

A prevalência <strong>de</strong> produções textuais <strong>de</strong> HPE’s nesse contexto<br />

escolar é evi<strong>de</strong>nciada neste excerto <strong>de</strong> entrevistas: (9) “Eu faço bastante<br />

HPE’s para escola; a maioria mesmo é resumo <strong>de</strong> livros. Não faço<br />

cópia, nunca entrego cópia para HPE” (M.; entrevista realizada em 07<br />

<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011). Tal prevalência po<strong>de</strong> ser explicada pelo caráter<br />

avaliativo <strong>de</strong>ssas produções nesse contexto e pelo incentivo por parte<br />

dos professores para que os alunos transformem suas experiências<br />

culturais escolares e extraescolares em HPE’s. Ainda excerto <strong>de</strong><br />

entrevista: (10) “No colégio, a gente escreve <strong>de</strong> tudo um pouco e<br />

principalmente que dê a nossa opinião, pra eles verem até aon<strong>de</strong> vai

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