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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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o educador indicava que o trabalho educativo <strong>de</strong>veria ser feito com o<br />

homem e não para o homem (GALVÃO; DI PIERRO, 2007). O adulto<br />

não alfabetizado, segundo esse i<strong>de</strong>ário, não po<strong>de</strong>ria ser visto como<br />

alguém ignorante e, sim, como um produtor <strong>de</strong> cultura e <strong>de</strong> saberes. Por<br />

essa razão, “[...] um dos pressupostos em que se baseava a sua [<strong>de</strong> Paulo<br />

Freire] proposta <strong>de</strong> alfabetização era o <strong>de</strong> que a leitura do mundo<br />

precedia a leitura da palavra” (GALVÃO; DI PIERRO, 2007, p. 45).<br />

Retomaremos o i<strong>de</strong>ário <strong>de</strong> Paulo Freire à frente, neste texto.<br />

Nesse contexto e tendo em vista a importância assegurada no<br />

âmbito das ações educativas aos adultos, surgiu o Mobral – Movimento<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Alfabetização – em 1967. Criado pela Lei nº 5.379, como<br />

Fundação Mobral, a partir <strong>de</strong> um trabalho interministerial que visava<br />

substituir a Cruzada ABC, a qual naquele momento passou a ser objeto<br />

<strong>de</strong> crítica efetiva (HADDAD; DI PIERRO, 2000). Tal campanha <strong>de</strong><br />

alfabetização tinha como slogan para convocação <strong>de</strong> professores uma<br />

música que impingia à alfabetização <strong>de</strong> adultos a pecha da filantropia, já<br />

pontuada como característica <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> iniciativa na história do<br />

Brasil. Eis o slogan: “Você também é responsável, então me ensine a<br />

escrever, eu tenho a minha mão domável, eu sinto a se<strong>de</strong> do saber.”<br />

(GALVÃO; DI PIERRO, 2007).<br />

Ainda em 1969, o Mobral passou a se distanciar da proposta<br />

inicial cunhada a partir <strong>de</strong> objetivos pedagógicos que consistiam,<br />

basicamente, em acabar com o analfabetismo. Passou, então, a<br />

contemplar dois aspectos: configurar-se como uma resposta aos<br />

marginalizados do sistema escolar e como um “[...] instrumento <strong>de</strong><br />

segurança interna [...]” (HADDAD; DI PIERRO, 2000, p. 115),<br />

servindo, sob essa perspectiva e no entendimento <strong>de</strong>sses autores, aos<br />

objetivos políticos do governo militar.<br />

Em meio a alianças políticas, conquistadas boa parte <strong>de</strong>las com<br />

vistas à doutrinação política, o Mobral foi implantado com três<br />

características: o paralelismo em relação aos <strong>de</strong>mais programas<br />

educacionais, a <strong>de</strong>scentralização operacional por meio <strong>de</strong> Comissões<br />

Municipais espalhadas por quase todos os municípios do país e a<br />

centralização do processo educativo por meio da Gerência Pedagógica<br />

do Mobral Central, responsável por toda organização, programação,<br />

execução e avaliação do processo educativo, além do treinamento <strong>de</strong><br />

profissionais para todas as fases <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do programa<br />

(HADDAD; DI PIERRO, 2000).<br />

Num primeiro momento, a atuação do Mobral foi subdividida<br />

em dois programas: o Programa <strong>de</strong> Alfabetização (1970) e o PEI –<br />

Programa <strong>de</strong> Educação Integrada –, uma versão compactada da 1ª a 4ª

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