Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
74<br />
literacies’ view outlined earlier 60 . (STREET,<br />
2000, p. 19)<br />
A legitimida<strong>de</strong> do conceito <strong>de</strong> letramentos está, para Street<br />
(2003), no reconhecimento <strong>de</strong> que existem múltiplos letramentos,<br />
variáveis temporal e espacialmente e que esses são contestados nas<br />
relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Ainda, o conceito <strong>de</strong> letramentos permite o<br />
questionamento sobre quais <strong>de</strong>sses letramentos são dominantes e quais<br />
são marginalizados. Cerutti-Rizzatti (2009, p. 5) sobre isso registra:<br />
É legítimo que se discutam outros sistemas<br />
semióticos, mas não enten<strong>de</strong>mos possível uma<br />
externalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> natureza tão ampla: em nossa<br />
compreensão, para tratarmos <strong>de</strong> letramento, o<br />
signo verbal escrito tem <strong>de</strong> estar presente [...] –<br />
mesmo que como objeto <strong>de</strong> escuta [...].<br />
Por fim, para Rojo (2009b), essas mudanças, acréscimos e<br />
discussões sobre o conceito <strong>de</strong> letramento nos fazem caminhar para a<br />
compreensão da escola <strong>de</strong> hoje como um espaço on<strong>de</strong> coexistem<br />
letramentos diferentes, da or<strong>de</strong>m do cotidiano e das instituições,<br />
letramentos locais ou globais, valorizados socialmente e não valorizados<br />
etc., que, enfim, estabelecem entre si relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, conflito, sendo,<br />
alguns <strong>de</strong>les, rejeitados, ignorados, apagados, ao passo que outros são<br />
enfatizados, evi<strong>de</strong>nciados, sobrevalorizados.<br />
3.3 MODELOS DE LETRAMENTO E SUAS IMPLICAÇÕES NA<br />
CONSTRUÇÃO DE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO<br />
Outro conceito relevante nesta discussão é o <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />
letramento, proposto por Street (1984). O autor propõe a existência <strong>de</strong><br />
dois mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> letramento: mo<strong>de</strong>lo autônomo e mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>ológico. O<br />
mo<strong>de</strong>lo autônomo <strong>de</strong> letramento, segundo Street (1984), é caracterizado<br />
pela (tentativa <strong>de</strong>) dissociação das dimensões social e política nas<br />
práticas <strong>de</strong> leitura e escrita. Essa dissociação entre a escrita, a leitura e<br />
os aspectos sociopolíticos solidifica falsas concepções, como a<br />
60 A versão extrema <strong>de</strong>ssa posição é a noção <strong>de</strong> ‘o fim da linguagem’ – <strong>de</strong> acordo com a qual,<br />
<strong>de</strong> alguma forma, não estamos mais falando <strong>de</strong> linguagem em sua noção mais tradicional <strong>de</strong><br />
gramática, léxico e semântica, mas sim estamos falando <strong>de</strong> sistemas semióticos que atravessam<br />
leitura, escrita, fala, em todas essas outras formas <strong>de</strong> comunicação semiótica. Isso, então, é o<br />
que é sinalizado pelo termo 'multi-letramento': uma abordagem bastante diferente do que<br />
resulta a visão dos ‘letramentos múltiplos’ <strong>de</strong>scrita anteriormente.