Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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técnicos que constituem o espaço urbano, em que<br />
organiza seu tempo e seu <strong>de</strong>slocamento em<br />
função da organização produtiva e jurídica, ela<br />
necessariamente está submetida à or<strong>de</strong>m da<br />
cultura escrita. [...] até mesmo sua representação<br />
no mundo está, pelo menos em parte,<br />
sobre<strong>de</strong>terminada pela representação <strong>de</strong> modo <strong>de</strong><br />
ser que se impõe a partir dos discursos<br />
hegemônicos. Até mesmo a dimensão da<br />
oralida<strong>de</strong> está implicada na or<strong>de</strong>m do escrito [...].<br />
Segundo o autor, quanto maior a inserção/participação dos<br />
indivíduos em socieda<strong>de</strong>s grafocêntricas, maior será o contato e mais<br />
frequente a utilização <strong>de</strong> textos escritos, <strong>de</strong> prática <strong>de</strong> leitura autônoma,<br />
a produção <strong>de</strong> textos com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento, comunicação,<br />
registro. Assim, participar da cultura implica conhecer e utilizar os<br />
objetos e discursos <strong>de</strong>ssa cultura, o que significa também “[...] <strong>de</strong>ter a<br />
informação, saber manipulá-la e inseri-la em universos referenciais<br />
específicos” (BRITTO, 2004, p. 51).<br />
4.2.2 Alfabetismo e escolarização: implicações profissionais e <strong>de</strong><br />
empregabilida<strong>de</strong><br />
A relação entre educação/alfabetização e trabalho, ocupação e<br />
mobilida<strong>de</strong> é imprecisa, complexa e contraditória; parece haver<br />
evidências históricas <strong>de</strong> que não há relações <strong>de</strong> causa e efeito entre<br />
trajetória <strong>de</strong> escolarização e obtenção <strong>de</strong> emprego (GRAFF, 1994). As<br />
interveniências da alfabetização seriam basicamente atitudinais e não <strong>de</strong><br />
habilida<strong>de</strong>s específicas em um sentido causal em relação à<br />
empregabilida<strong>de</strong>.<br />
Sobre essa relação entre escolarização e empregabilida<strong>de</strong>,<br />
Britto (2004) pontua que é vigente no senso comum a correlação entre<br />
baixa qualificação intelectual, o que inclui dificulda<strong>de</strong>s no trato com a<br />
leitura e a escrita, e exclusão social, além <strong>de</strong> baixa produtivida<strong>de</strong>.<br />
Ancorado nos dados do Inaf 2001, Britto (2004, p. 55) afirma que “[...]<br />
o letramento é fundamental para a empregabilida<strong>de</strong> [...]”, isso porque<br />
em setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> tipicamente urbanos e que supõem maior<br />
manipulação <strong>de</strong> dados organizados com base em sistemas escritos<br />
formais, como o comércio, há evi<strong>de</strong>nte predomínio dos segmentos <strong>de</strong><br />
maior alfabetismo. Nesses setores, há baixa empregabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
analfabetos e pessoas <strong>de</strong> nível 1 <strong>de</strong> alfabetismo, “[...] indicando a