Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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Sobre a compreensão do que seja letramento, a autora (2006, p. 11)<br />
pontua a focalização nos aspectos sócio-históricos da aquisição da<br />
escrita, afirmando que o letramento<br />
[...] procura estudar e <strong>de</strong>screver o que ocorre nas<br />
socieda<strong>de</strong>s quando adotam um sistema <strong>de</strong><br />
escritura <strong>de</strong> maneira restrita ou generalizada;<br />
procura, ainda, saber quais práticas psicossociais<br />
substituem as práticas letradas em socieda<strong>de</strong>s<br />
ágrafas. Desse modo, o letramento tem por<br />
objetivo investigar não somente quem é<br />
alfabetizado, mas também quem não é, e, neste<br />
sentido, <strong>de</strong>sliga-se <strong>de</strong> verificar o individual, e<br />
centraliza-se no social mais amplo.<br />
A autora concebe, por outro lado, a existência <strong>de</strong> duas formas<br />
<strong>de</strong> compreensão da alfabetização – como um processo <strong>de</strong> aquisição<br />
individual <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura e escrita; e como um processo <strong>de</strong><br />
representação <strong>de</strong> objetos diversos. A primeira perspectiva toma a<br />
alfabetização como algo que chega ao fim e que po<strong>de</strong>, portanto, ser<br />
<strong>de</strong>scrita sob a forma <strong>de</strong> objetivos instrucionais. Nessa perspectiva, o<br />
processo <strong>de</strong> alfabetização é <strong>de</strong>scrito a partir da relação que estabelece<br />
com objetivos escolares. De acordo com a segunda perspectiva,<br />
<strong>de</strong>fendida pela autora, “[...] não é o código, tomado na acepção simplista<br />
<strong>de</strong> representação gráfica dos sons da fala, que o sujeito precisa dominar<br />
ao ser alfabetizado” (TFOUNI, 2006a, p. 19), e, sim, um sistema<br />
complexo, sócio-histórico e cultural, em que as práticas discursivas<br />
letradas circulam.<br />
Conforme Britto (2005, p. 13), há uma supervalorização da<br />
dimensão individual na socieda<strong>de</strong> contemporânea, e isso relega o fato <strong>de</strong><br />
que “[...] o conhecimento é um produto social e que aquilo que uma<br />
pessoa sabe e efetivamente faz se circunscreve a condições históricas<br />
objetivas em que se encontra”. Essa supervalorização do plano técnicoindividual<br />
escamoteia, segundo o autor, os problemas políticos e sociais<br />
implicados nos modos <strong>de</strong> produção, circulação e apropriação do<br />
conhecimento. Assim, para ele, o <strong>de</strong>bate sobre alfabetização e<br />
letramento só ganha sentido se forem consi<strong>de</strong>radas, no âmbito da<br />
educação e da aprendizagem, as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, as diferenças, as<br />
disputas que se dão no bojo social.<br />
Enfocando também questões acerca <strong>de</strong> similitu<strong>de</strong>s e<br />
dissimilitu<strong>de</strong>s entre esses dois fenômenos, vale referenciar as críticas <strong>de</strong>