Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC
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letramento estão vinculadas a diferentes domínios <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> (casa,<br />
escola, lugar <strong>de</strong> trabalho, igreja etc.), constituem-se a partir <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> elementos e são situadas em eventos <strong>de</strong> letramento (HEATH, 2001<br />
[1982]; BARTON, 1994; STREET, 2003; OLIVEIRA, 2008).<br />
As práticas <strong>de</strong> letramento po<strong>de</strong>m ser entendidas como conceitos,<br />
mo<strong>de</strong>los sociais respectivos à natureza que o evento possa ter, que o<br />
fazem funcionar e que lhe dão significado (STREET, 1988; 2000; 2003),<br />
ou como formas culturalmente aceitas <strong>de</strong> usar a leitura e a escrita que,<br />
por sua vez, são realizadas em eventos <strong>de</strong> letramento (BAYNHAM,<br />
1995). Os eventos <strong>de</strong> letramento, então, envolvem não apenas o que as<br />
pessoas fazem – a ponta do iceberg <strong>de</strong> que trata Hamilton (2000) –, mas<br />
o que elas pensam sobre o que fazem e os valores e i<strong>de</strong>ologias que estão<br />
subjacentes às ações com a escrita, isto é, implicam fatores i<strong>de</strong>ológicos<br />
fortemente marcados – ou seja, as práticas <strong>de</strong> letramento, a base do<br />
iceberg segundo Hamilton (2000). Para Kleiman (2001 [1995 10 ], p. 21),<br />
“[...] as práticas <strong>de</strong> letramento, no plural, são social e culturalmente<br />
<strong>de</strong>terminadas e, como tal, os significados específicos que a escrita<br />
assume para um grupo social <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos contextos e instituições em<br />
que ela foi adquirida”. Essas práticas são, ainda, “[...] an the general<br />
cultural ways of utilizing literacy which people draw upon in a literacy<br />
event.” 11 (BARTON, 1994, p. 37).<br />
Eventos <strong>de</strong> letramento, por sua vez, são quaisquer ocasiões em<br />
que parte da escrita está integrada à natureza das interações e <strong>de</strong> seus<br />
processos interpretativos (HEATH, 2001 [1982]), correspon<strong>de</strong>m “[...] a<br />
qualquer sequência <strong>de</strong> ação, envolvendo uma ou mais pessoas, na qual a<br />
produção e a compreensão da escrita exercem um papel” (OLIVEIRA,<br />
2008, p. 102). São as ações visíveis, fotografáveis dos participantes<br />
envolvendo ferramentas materiais (textos, por exemplo) (HAMILTON,<br />
2000).<br />
Consi<strong>de</strong>rando, então, a centralida<strong>de</strong> da escrita em nossa<br />
socieda<strong>de</strong>, instituída por esses eventos <strong>de</strong> letramento ancorados em<br />
práticas <strong>de</strong> letramento, propomos a primeira questão-problema: Como<br />
se caracterizam os usos sociais da escrita nos contextos extraescolar<br />
e escolar das alfabetizandas adultas, participantes <strong>de</strong>sta pesquisa,<br />
10 Na referenciação <strong>de</strong>sta obra <strong>de</strong> Angela Kleiman, assim como na referenciação da obra<br />
“Letramento: um tema em três gêneros”, <strong>de</strong> Magda Soares, ainda que as datas da edição que<br />
usamos e da primeira edição sejam muito próximas, manteremos a distinção porque<br />
enten<strong>de</strong>mos que, na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1990, essas obras foram seminais no<br />
redirecionamento dos estudos sobre a modalida<strong>de</strong> escrita da língua no Brasil; a manutenção das<br />
duas datas tem, pois, razões <strong>de</strong> marcação histórica.<br />
11 “[...] as maneiras gerais com que cada cultura utiliza o letramento, modos nos quais as<br />
pessoas se baseiam num evento <strong>de</strong> letramento.” (BARTON, 1994, p. 37).<br />
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