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Oliveira, Paula Felipe Schlemper de - UFSC

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96<br />

marcas distintas da pobreza, uma alegoria da condição <strong>de</strong> subalternida<strong>de</strong><br />

(GALVÃO; DI PIERRO, 2007).<br />

Ainda no que tange a essa discussão, vale registrar que,<br />

historicamente, o surgimento <strong>de</strong> numerosas tecnologias <strong>de</strong>flagrou um<br />

temor <strong>de</strong> que elas se tornassem ameaças ao livro e à leitura. Tais<br />

tecnologias, porém, têm potencializado as <strong>de</strong>mandas por leitura e escrita<br />

– e, não têm, como se supunha, inibido ambos os processos –; ou seja,<br />

seu advento contrariou a expectativa negativa que se havia construído<br />

em torno <strong>de</strong>las; e leitura e escrita estão sendo cada vez mais requeridas,<br />

exatamente por tais aparatos no campo das novas tecnologias. É certo<br />

que hoje esse avanço tecnológico permite usos diferentes da escrita, a<br />

exemplo <strong>de</strong> e-mail ou “torpedo” em lugar <strong>de</strong> telefonema, e <strong>de</strong> chats em<br />

lugar <strong>de</strong> reuniões presenciais, para citar apenas alguns exemplos 72 . Tais<br />

possibilida<strong>de</strong>s, porém, só se configuram efetivamente como opções se o<br />

sujeito for alfabetizado <strong>de</strong> fato e, com isso, pu<strong>de</strong>r optar pela modalida<strong>de</strong><br />

que melhor lhe convier, o que, sem dúvida, não é plenamente facultado<br />

ao analfabeto ou àquele com domínio muito rudimentar <strong>de</strong> leitura e<br />

escrita (KLEIMAN, 2001a).<br />

É inegável, no entanto, que, embora <strong>de</strong>terminadas ativida<strong>de</strong>s<br />

permeadas pela escrita não sejam acessíveis a analfabetos, “[...] a cultura<br />

letrada está amplamente disseminada no país e [...] mesmo as pessoas<br />

analfabetas relacionam-se com o mundo letrado <strong>de</strong> diversas formas”<br />

(RIBEIRO, 2004, p. 20), questão a que já fizemos remissão nas<br />

discussões sobre letramento no terceiro capítulo <strong>de</strong>sta dissertação. Para<br />

Britto (2004, p. 50), “[...] o aspecto mais significativo do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das formas <strong>de</strong> escrita foi a expansão da possibilida<strong>de</strong><br />

da memória registrada e <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> organização mais estruturadas e<br />

<strong>de</strong> controle sistemático”. Ainda sobre essa questão, Britto (2004, p. 50)<br />

afirma que<br />

[...] pertencer à cultura escrita significa [...] mais<br />

que a soma dos conhecimentos e capacida<strong>de</strong>s<br />

individuais no uso da leitura e da escrita. Na<br />

medida em que a pessoa se emprega, na medida<br />

em que utiliza os instrumentos e aparatos<br />

72 Exemplos do grafocentrismo atual: segundo a revista Veja (abril <strong>de</strong> 2010), há 150 sites para<br />

cada habitante do planeta; segundo essa mesma revista (fevereiro <strong>de</strong> 2011), o twitter e as re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> relacionamento foram fatores <strong>de</strong>terminantes na mobilização popular que <strong>de</strong>stituiu o ditador<br />

egípcio em 2011 e, segundo edição do Jornal Nacional em maio <strong>de</strong> 2010, o uso <strong>de</strong> dados é<br />

maior do que o uso <strong>de</strong> voz nos USA: um trilhão e 500 bilhões <strong>de</strong> mensagens nos EUA em<br />

2009 – 50% a mais do que o as ligações telefônicas.

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