15.04.2013 Views

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

120 a ri<strong>da</strong>de pestilenta: a medicina social e o espago urbano<br />

salubri<strong>da</strong>de propu na<strong>da</strong> pelos mkdicos, uma vez que convertiam as habita~6es<br />

em ver<strong>da</strong> 8 eiras estufas.<br />

Atraves <strong>da</strong>s minuciosas formulas6es tecnicas acerca <strong>da</strong> disposic;3o<br />

inrerna <strong>da</strong>s habita~bes, a medicina social feriu o cerne <strong>da</strong> estrutura famll~ar<br />

patriarcal escravista, redefinin<strong>do</strong> rela~aes entre seus membros e atribuin<strong>do</strong><br />

nova conota~90 A presensa <strong>do</strong> escravo nas uni<strong>da</strong>des residenciais<br />

urbanas. A organiza~30 higiCnica <strong>da</strong> casa im licou o remanejamento <strong>do</strong><br />

papel <strong>da</strong> mulher e a conseqiiente metamor ose <strong>da</strong> familia.<br />

A mulher de alcova foi uma pep fun<strong>da</strong>mental no dispositivo mbdico-higi8nico.<br />

Encerra<strong>da</strong> nestes locais escuros, Gmi<strong>do</strong>s, ma1 ventila<strong>do</strong>s, a mulher re resentava o elo<br />

mais fraco <strong>da</strong> cadeia anti-higisnica visa<strong>da</strong> pelos mbdicos. ~rrannndb-a <strong>da</strong> alcova, a<br />

medicina social, de um d olpe, integrava a familia A ci<strong>da</strong>de, enfraquecia o poder<br />

paterno e surgia cdmo aliaia <strong>da</strong> esposa contra o mari<strong>do</strong>. (p. 115)<br />

0s medicos chegaram, assim, a produzir uma ver<strong>da</strong>deira "sindrome<br />

de alcova", responsive1 por numerosissimos males que acometiam mulheres<br />

e crian as.<br />

Na ci<strong>da</strong> e colonial, a rua e os espasos Gblicos eram reserva<strong>do</strong>s aos<br />

3<br />

homens, quer fossem os <strong>do</strong>nos <strong>da</strong> proprie i ade e <strong>do</strong> man<strong>do</strong> ou simples<br />

vagabun<strong>do</strong>s, ciganos e quadrilheiros - e tambkm aos escravos de ambos<br />

os sexos, sobre cu os ombros recaia o pesa<strong>do</strong> far<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Confi-<br />

na<strong>da</strong> nos limites d a casa, a mulher <strong>da</strong> classe <strong>do</strong>minante administrava o<br />

conjunto de ativi<strong>da</strong>des ue Ihe conferiam grande margem de auto-<br />

-suficiCncia no context0 ur 1 ano. Quan<strong>do</strong> eventualmente sala 3s mas, para<br />

comparecer a festas e eventos religiosos, recobria-se com mantilhas ara<br />

se proteger <strong>da</strong> indiscri@o pGblica e resguar<strong>da</strong>r xu pu<strong>do</strong>r senhoriaf<br />

0 process0 de urba?lza~Zo e o conjunto de transforma~bes desencadea<strong>da</strong>s<br />

em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> seculo passa<strong>do</strong> tornaram a mulher colonlal um<br />

anacronismo. A Corte e os negocios retiraram-na <strong>da</strong> alcova e a atrairam<br />

para os salbes e as ruas.<br />

As mulheres comesaram a des rezar as mantilhas, a desoobrir os rostos, a<br />

revestir-se com artigos franceses e ingPeses. As ruas que concentravam o comircio<br />

ferninino comecaram a encher-se. 0s vende<strong>do</strong>res e mascates de portas erdiarn a utili<strong>da</strong>de.<br />

A casa perdia sua auto-sufici8ncia. h ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>minava a famRia.<br />

Diante <strong>da</strong> ~rande e pequena burguesia euro bias, n3o bastava ser branco, catblico<br />

ou proprictario de terras. Estas quali<strong>da</strong>drs d?luiam-se, agora, em meio a uma<br />

populasio quc des rezava em bloco o atraso e o primitivism0 locais. (...) A<br />

semelhanfa fisica Be costumes con1 os europeus, ji higieniza<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>s em<br />

' xus paises de origem, era indispensivel ao reconhecimento social e ao sucesso econbm~co<br />

<strong>da</strong> familia. 0s estigmas <strong>do</strong> brasileirismo colonial e senhorial passaram a funcionar<br />

como o sinal negativo. E tu<strong>do</strong> que pudesse favorecer a persistCncia ou a<br />

reproduqio destes estigmas passou a ser renega<strong>do</strong>, como o foi a habita~zo tradicional.<br />

(p. 119-20)<br />

A contraparti<strong>da</strong> is novas relasbes, papiis e indumentlrias atribui<strong>da</strong>s<br />

aos ~nernbros <strong>da</strong> familia, foi a redefinisio <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> escravo <strong>do</strong>mbtico,<br />

em cuja capaci<strong>da</strong>de de trabalho repousavam a auto-suficiCnaa e<br />

f

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!