15.04.2013 Views

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Capltulo 12<br />

A TRANSFORMACAO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO<br />

NO IN~CIO DO S~CULO XX<br />

Em sua crdnica sobre o Rio de Janeiro no inicio <strong>do</strong> siculo, Luis Edmun<strong>do</strong><br />

diz que o aspect0 geral <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de era ain<strong>da</strong> o mesmo <strong>da</strong> epoca <strong>do</strong>s vice-<br />

reis, mas a multidPo tinha mu<strong>da</strong><strong>do</strong>:<br />

A massa de homens de cor, com os anos, desapareceu numa ropor~fo notdvel<br />

(...). Entre n6s essa populagfo ascende a uns X) ou 30%. Nfo oEstante, C bem<br />

menor que a de uns vinte anos at& e isso apesar <strong>do</strong> surto <strong>da</strong> aboligfo e <strong>do</strong> consequente<br />

aban<strong>do</strong>n0 <strong>da</strong>s terras de cultura por 1nGmeros pretos, que tomaram o caminho<br />

<strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des. .<br />

0 Rio de Janeiro <strong>do</strong> coy o <strong>do</strong> siculo, com menos de 600 mil habitantes,<br />

ji nfo lembra maa, em 1901, a Zafraria lusitana" <strong>do</strong>s primeiros decenios <strong>da</strong> centriria<br />

anterior. Quan<strong>do</strong> muito lembrad certas ci<strong>da</strong>des <strong>do</strong> setentrib africano, as <strong>da</strong><br />

orla <strong>do</strong> Mediter6neo: Tdnger, Alexandria ou Oran, corn a sua populagfo descalga<br />

e ma1 vesti<strong>da</strong>, as suas toscas lojas de comircio, de tol<strong>do</strong>zinho esgarga<strong>do</strong> frente e<br />

o homem de feigfo drabe, roligo e porco, ao fun<strong>do</strong>, venden<strong>do</strong> a merca<strong>do</strong>ria; com<br />

seus burricos peja<strong>do</strong>s de hortaliga ou fruta cruzan<strong>do</strong> o logra<strong>do</strong>uro pbblico, e lwa<strong>do</strong>s<br />

pela rCdea <strong>do</strong> nativo, anlarelfo e triste, tu<strong>do</strong> isso numa evocagfo perfeita <strong>da</strong>queles<br />

centros que a Civilizagfo esqueceu e gue a civilizagfo s6 visita, de quan<strong>do</strong> em quan<strong>do</strong>,<br />

de Bardeker no bolso e um chapeu de sol branco aberto ou debaixo <strong>do</strong> brago,<br />

para arrancar-lhe ao groresco a divers30 que o espfrito blad <strong>da</strong>s correrias <strong>do</strong> Progresso,<br />

muitas vezes, reclama.<br />

N6s, porim, vivemos satisfeitos, acreditan<strong>do</strong> que habitamos a mais branca,<br />

a mais lin<strong>da</strong> e a mais adianta<strong>da</strong> <strong>da</strong>s metr6poles <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, conforma<strong>do</strong>s, atC, com<br />

o espectro <strong>da</strong> febre amarela; sem indbstria, man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> buscar calga<strong>do</strong> na Inglaterra,<br />

casemiras na Franga, e atk palitos em Portugal; com um comCrcio to<strong>do</strong> de estrangeiros,<br />

com uma agricultura que nf0 mu<strong>da</strong> <strong>do</strong> plantio <strong>do</strong> que possa fazer concorrencia<br />

"n2.&s amigas" e uma literatura que, salvo algumas excegaes, vive a copiar<br />

0s versos <strong>do</strong> kr. Frangois Coppie ou ain<strong>da</strong> a prosa intestinal <strong>do</strong> Sr. Camilo Castelo<br />

Branco. Em meio a tu<strong>do</strong> isso, porim, para a1 rar a alma indigena, uma proci<strong>do</strong>zinha<br />

ao Corpo de Deus, ou, entfo, um carnavalx arromba, obrigr<strong>do</strong> a bisnaga, rmfitrri<br />

cerveja e ser entina - nas ruas os tres famosos clubes carnavalescos: Democrlticos,<br />

Tenentes e fenianos ...I.<br />

Num quadro de um pintor simbolista <strong>da</strong> Cpoca, vke um velho gi-<br />

nte, cheio de vigor e vontade, projetan<strong>do</strong>-se sobre a ci<strong>da</strong>de timi<strong>da</strong> e ave-<br />

fanta<strong>da</strong>, ostentanto, numa <strong>da</strong>s mlos, uma enorme vassoura e, na outra,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!