15.04.2013 Views

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

134 a crise t5abitacional na passagem para o qpitalismo e o trabalho assakaria<strong>do</strong><br />

P<br />

Em abril' de 1876, o residente <strong>da</strong> Cl~mara, A<strong>do</strong>lfo Bezerra de Meneses,<br />

pediu aos fiscais <strong>da</strong>s reguesias a rela-So <strong>do</strong>s cortifos existentes em suas<br />

jur~digbes~~. Desses <strong>do</strong>cumentos podem ser tira<strong>da</strong>s algumas conclusdes<br />

interessantes. Em primeiro lugar, distinguiam-se os proprktirios e os arren<strong>da</strong>tir<br />

ios de cortic;os. Existia, portamto,.umadupla med~afTio na explorafiio<br />

dessa merea<strong>do</strong>rla vital para a sobrevivtnaa e reprodufSo <strong>da</strong>s classes<br />

populal-es na ci<strong>da</strong>de. "<br />

O arren<strong>da</strong>tlrio explorava direitamente o cortifo e, na maioria <strong>da</strong>s<br />

vezes, era um comerelante. Nesse sertti<strong>do</strong>, o cortiso const~tuia uma fonte<br />

de "acumula~iio primitiva" para opequeno capital mercantil; alkm <strong>da</strong> cobransa<br />

<strong>do</strong> aluguel, o comerciante lrnpunha aos mora<strong>do</strong>res a obrigatorie<strong>da</strong>de<br />

de consumir os gtneros vendi<strong>do</strong>s em seu armazCm, como bem lustra<br />

Aluisio de Azeve<strong>do</strong> em seu livro 0 Cortko.<br />

Em sua cr8nica sobre o Rio antigo, Luis Edmun<strong>do</strong> mostrou bem<br />

como se reproduziam essas uni<strong>da</strong>des - a ven<strong>da</strong> articula<strong>da</strong> ao cortiso - em<br />

proveito <strong>do</strong> comerciante, pequeno patrSo, ue podia ser um proprietirio<br />

ou arren<strong>da</strong>tlrio. 0 fio condutor i: a chega 1 a i proa de um yapor <strong>do</strong> jovem<br />

imigrante portuguts, consigna<strong>do</strong> como caixeiro a uma firma comerc~al<br />

qualquer, como um barril de sebo, uma tina de bacalhau:<br />

Que o pobre imigrante ingressa ma s6rdi<strong>da</strong> ven<strong>da</strong> onde hi de perder ce<strong>do</strong> ou<br />

tarde, com as cores <strong>do</strong> rosto, a inocencia e o cadter (...), o prato que ele encontra,<br />

se nSo C 6tim0, Cpelo menos cheio e fano (...). Na casa em que vai rnorar o pobre<br />

escravo branco, ja mora hi muito a negra escrava (...).<br />

Dorme o escravo branco, recCrn chega<strong>do</strong> 1 terra, sobre uma thbua nua pousa<strong>da</strong><br />

sobre <strong>do</strong>is caixotes. Sen1 travesseiros, nem cobenor. NSo tern escova de dentes,<br />

nem sabe o que 6 um naco de sabso, uma toalha, ou urn pente ...<br />

Com a i<strong>da</strong>de vai aprenden<strong>do</strong> a conhecer o mun<strong>do</strong> pela filosofia <strong>do</strong> patrio (...).<br />

Com esse patrSo instrui-se, aprencle a burlar e a mentir. Vende o podre por<br />

bom. Carne seca ardi<strong>da</strong> por fresca. CaM com rnistura de milho (...).<br />

Aprende a subornar o fiscal <strong>da</strong> <strong>Prefeitura</strong>, que Ihe aplica a multa, aprende<br />

a sonegar o imposto (...).<br />

lnteressa<strong>do</strong> aos 30 anos, aos 35 jb fazen<strong>do</strong> pane <strong>da</strong> firma, <strong>do</strong>rme ain<strong>da</strong> numa<br />

tlbua nua, porem possui vasta cadeia de 1rel6gi0, em ouro.<br />

lipenas meio rico, mas cheio ain<strong>da</strong> de ambi~So e coragem, propae ao s6cio<br />

uma separas90 <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Recebe um tlinheirinho e sai. Juntan<strong>do</strong> o que recebe<br />

k libras <strong>do</strong> bah, monta outra ven<strong>da</strong>, s6 dele. Estabelece-se.<br />

E. (...) pensan<strong>do</strong> no que foi, rnan<strong>da</strong> I~uscar 1 terra novos escravos brancos (...)<br />

para explorar e corromper. E pensa no coni~o.<br />

r'orque c0rti~0 e ven<strong>da</strong> an<strong>da</strong>m, geral mente, conjuga<strong>do</strong>s. 0 homem que mora,<br />

come...<br />

E; 6 assim que um dia surge a "Vila Nossa Senhora <strong>da</strong> Lapa <strong>do</strong>s Navegantes",<br />

que C a cstalagem, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> armadm de s~:cos e mplha<strong>do</strong>s de sua proprie<strong>da</strong>de -"O<br />

le90 <strong>da</strong> jfurna '. 0 leb 6 ele mesmo, leIo I 'd o comerc~o...<br />

E por esse ten1 o ue ele recebe <strong>do</strong> Reino, por servisos presta<strong>do</strong>s 1 pbtria,<br />

a Comen<strong>da</strong> de Cristo P '.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!