15.04.2013 Views

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

comerciantes, pequenos funcionkios, mi1i:ares de baixa patente, enfim,<br />

boa pane <strong>da</strong>qullo que, ~mprecisamente, a hlstoriografia chama de "classes .<br />

mMlasY' emergentes. 0s sobra<strong>do</strong>s alojavam, com freqiiCncia, uni<strong>da</strong>des constitui<strong>da</strong>s<br />

pela moradia <strong>do</strong> comerciante aco la<strong>da</strong> ao armadm, ten<strong>do</strong> ao fun<strong>do</strong><br />

o cortiso. A seu la<strong>do</strong>, em prkdios igua P mente anti os, func~onavam pequenas<br />

oficinas, nlanufaturas, casas comerciais, escrit g rios de comapanhias,<br />

bancos e, no melo dlsso tu<strong>do</strong>, grandes prkdios Gblicos em antigos pontos<br />

cCntr~cos como a Prasa Quinze e a Prasa % iradentes.<br />

0s prkdios postos abaixo e as ruas suprimi<strong>da</strong>s ou alarga<strong>da</strong>s que constituiain,<br />

no inicio <strong>do</strong> skcufo, a .heran~a colonial condena<strong>da</strong> pelos reforma<strong>do</strong>res<br />

eram o suporte mater~al de uma trama de rela~des engendra<strong>da</strong><br />

e reltera<strong>da</strong> desde mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> skculo passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> o escravismo se desagregou,<br />

abrin<strong>do</strong> caminho para o trabalho assalaria<strong>do</strong> e para as rela~Bes<br />

capitalistas de produgo, circu1ac;io e consumo.<br />

Em curto espago de tempo, tu<strong>do</strong> isso foi reduzi<strong>do</strong> a escombros e<br />

sobre a terra arrasa<strong>da</strong> e valoriza<strong>da</strong> pela as90 <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ergueram-se novos<br />

suportes mater~ais para uma outra trama de relasdes sociais, de natureza<br />

qualitativamente dutinta.<br />

N90 basta reduzir o "antes" e o "depois" <strong>da</strong> operas90 de renovas90<br />

urbana a um simples contraste de paisagens arquitetonicas, como fizeram<br />

os apologistas <strong>da</strong> reforma, celebran<strong>do</strong> a vit6ria <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de moderna e civilizad?<br />

sobre a.ci<strong>da</strong>de colonial, pestilenta e antiestktica.<br />

E precis0 Ir alCm dessa exteriori<strong>da</strong>de para captar a teia de relagdes<br />

que os homens mantCm em determina<strong>do</strong> espaso material <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, para<br />

que se possa entender como se reproduz e por que se transforma.<br />

A renovas90 urbana supae, assim, <strong>do</strong>is momentos: primeiro a desapro<br />

ria~90 de fragdes socials, segrega<strong>da</strong>s ou exclui<strong>da</strong>s de determina<strong>da</strong><br />

area cf a ci<strong>da</strong>de, que, depois de transforma<strong>da</strong> e valoriza<strong>da</strong> pelos novos suportes<br />

mater~ais, k transfer~<strong>da</strong> a outras frasdes sociais.<br />

No mesmo local onde se erguia o cortiso, explora<strong>do</strong> pelo comerciante,<br />

<strong>do</strong>no tambCm <strong>do</strong> armadm onde o trabalha<strong>do</strong>r gastava seus tostdes<br />

adquiri<strong>do</strong>s numa oficina contigua ou no pono pr6xim0, surge o prkdio<br />

surp~oso, repleto + escrit6rios de grandes companhias ou jornais, corn<br />

uma a Cncia bapcaria, uma casa de alta mo<strong>da</strong> ou um sofistica<strong>do</strong> cafe!.<br />

Eonduri<strong>da</strong> como operas90 militar pel0 Esta<strong>do</strong>, aparelho de <strong>do</strong>minas3o<br />

de classes, a renovas30 urbana envolveu, nos momentos de sua<br />

formu!a -90 e execuq90, uma complexa correla~90 de forsas, um c~lculo<br />

essencla f mente polit~co, na medi<strong>da</strong> que atingia, de maneira contradlt6ria<br />

e diferencia<strong>da</strong>, uma ampla gama de interesses sociais.<br />

Ela sacrificou grupos subalternos em proveito <strong>do</strong>s interesses "mais<br />

erais" <strong>da</strong>s classes <strong>do</strong>minantes, sob a,hegemonia <strong>da</strong> burguesia cafeelra pautqto<br />

no que se. refere ao eaercicio de sua/<strong>do</strong>m~na~Io, em termos<br />

naaonals, como As ex~gtncias <strong>da</strong> acumula~90 e reprodus90 <strong>do</strong> capital. Ao<br />

mesmoJempo, foi roveitosa aos interesses "particulares" <strong>do</strong> cap~tal prlva<strong>do</strong>,<br />

diretamente g eneficia<strong>do</strong> com as grandes obras: desde o cap~tal bancario<br />

internacional, de onde provleram os emprCstimos para o<br />

financiamento <strong>da</strong> reforma, passan<strong>do</strong> pelas grandes companhias emprei-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!