15.04.2013 Views

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

a transf~nna~io & ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Rio de Janeiro no inicio <strong>do</strong> siculo XX 209<br />

Ali estava ele - o monstro. Trajava um simples palet6 azul, cal~a de listras,<br />

chap& de feltro. Alto, a barba branca es onta<strong>da</strong>, as sobrancelhas espessas'sombrean<strong>do</strong>-<br />

Ihe os olhos pequenos, que examinavaf enh hum <strong>do</strong>s quatro sabla - nem o tradicionalista,<br />

nem o ambicioso, nem o rotineiro, nem o revolta<strong>do</strong>. Percebiam que as bastas<br />

sobrancelhas se arqueavam para as ruinas, apenas isso. Ele passou sem os ver. E <strong>da</strong><br />

passagem, tl0 pr6xima, restou-lhes s6 a mem6ria de uma corpatura gigantesca e de<br />

uma terr~vel sereni<strong>da</strong>de. (p. 112-116)<br />

<strong>Um</strong> bom exemplo de como os executores <strong>da</strong> remodelas90 <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

formulavam a nova rela@o entre o Esta<strong>do</strong> e o urbano, C o discurso proferi<strong>do</strong><br />

por Aureliano Portugal, em.26 de fevereiro de 1906, inauguran<strong>do</strong><br />

na Pra~a <strong>da</strong> G16ria, localiza<strong>da</strong> na Aveni<strong>da</strong> Beira-Mar, recCm conclui<strong>da</strong>,<br />

a fonte artistica presentea<strong>da</strong> pelos industriais portugueses Adriano Ramos<br />

Pinto & IrmSosJ.<br />

A t8nlca <strong>do</strong> dlscurso era, naturalmente, a ce1ebrac;So <strong>da</strong> regenera~ilo<br />

estCtica e sanitaria <strong>da</strong> capital. Seu autor busca demonstrar ue essa transforma~io<br />

resultou de uma luta contra o passa<strong>do</strong>. Historian ! o a forma~io<br />

<strong>do</strong> Rio de Janeiro, apresenta-a como um rocesso evolutivo que compreende<br />

duas etapas: a primeira, caracteriza 'f a como a luta <strong>do</strong> homem contra<br />

os obsticulos naturais ue tolhiam a expansio <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de (bra~os de .<br />

mar, pintanos, morros etc).<br />

Ao contrario de outras ci<strong>da</strong>des, como Londres, Buenos Aires e Nova<br />

York, cujo crescimento se fizera i custa <strong>da</strong> absor~io de nhcleos jl forma<strong>do</strong>s<br />

de populac30,<br />

(...) o Rio de Janeiro cresceu sempre por expan<strong>do</strong> centrifuga, lenta, a prin-<br />

cipio, mas constante, conquistan<strong>do</strong>, palmo a palmo, i natureza rebelde, o teireno<br />

ingrato e desabita<strong>do</strong>, amanhan<strong>do</strong>-o, melhorandw e implantan<strong>do</strong> nele o habitat de<br />

sui populaplo que se estendia.<br />

Entretanto, essa etapa "natural" devia, forsosamente, por acumu-<br />

1ac;io de erros, ser supera<strong>da</strong> por uma nova etapa,.,caracteriza<strong>da</strong> pela impostc;?o<br />

de normas visan<strong>do</strong> redefinir seu crescimento em func;io de<br />

ob~etlvos determina<strong>do</strong>s. Em lugar <strong>do</strong> crescimento natural, desordena<strong>do</strong>,<br />

espontineo, o crescimento racional e sistemltico.<br />

<strong>Um</strong>a expans30 assim feita, para muitos la<strong>do</strong>s simultaneamente, sem obedecer<br />

a uma norma fixa, a uma rota prevlamente assinala<strong>da</strong>, um desenvolvimento oriun<strong>do</strong>,<br />

por fatali<strong>da</strong>des sociais, muito mais de iniciativas individuais que de impulsos cole-<br />

tivos, por certo devr estar longe de apresentar o cunho sistemkico que C pr6prio<br />

<strong>da</strong>s obras ver<strong>da</strong>deiramente esteticas.<br />

rande obsticulo que se antepunha A execu 90 desse plano era<br />

a necessi O1 ade de destruir, em grande parte, para fad- a de novo, "a obra<br />

humana, quase trCs vezes secular.<br />

Contu<strong>do</strong>, esse trabalho de destruic;so - que esti na esskncia <strong>da</strong> renovac;io<br />

urbana - envolve mais <strong>do</strong> que a derruba<strong>da</strong> de paredes antigas,<br />

f

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!