15.04.2013 Views

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

Pereira Passos: Um Haussman - Portal da Prefeitura da Cidade do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

a ci<strong>da</strong>de pestilenta: a medicina social e o espaco urbano 12 1<br />

a economia natural <strong>da</strong> casa senhorial-no context0 urbano.<br />

Jurandlr Frelre Costa revela o cfilema ue a escravldSo im 6s A higiene,<br />

uma vez que o controle mCdico <strong>do</strong>s in I ividuos pressupun R a a existtnc!ade<br />

um ci<strong>da</strong>d3o livre? ara que pudesse realizar a artleulaPo entre<br />

o sujelto <strong>do</strong> contratq socia P e o sujelto <strong>da</strong> dlsclphna, 0 escravo era um<br />

empecllho a esse rojeto, po?? estava A margem <strong>do</strong> direlto burguts, submeti<strong>do</strong><br />

a uma re f aslo coercltiva e disciplinar priva<strong>da</strong>.<br />

A felici<strong>da</strong>de fisica e racial, a riqueza econbmica e espiritual, prometi<strong>da</strong>s pela<br />

higiene familia branca n90 podiam estender-se ao escravo. Ele deveria continuar<br />

na posi -90 em que sempre estivera. No entanto, sua funs90 tinha que ser transforma<strong>da</strong>.<br />

&implice no funcionamento <strong>da</strong> casa antiga, deveria tornar-se agente de mu<strong>da</strong>nfa<br />

famil~ar. (...) 0s medicos (...) ent90, (...) ~nverterani o valor <strong>do</strong> escravo. De<br />

"an~mal" Jtil ao patrimbnio e pro rie<strong>da</strong>de, ele tornou-se "animal" nocivo 1 satide.<br />

Seu lugar discipl~nar foi, deste mojo, garanti<strong>do</strong>.<br />

.............................................................<br />

A virulencia na condena~90 ao escravo ocupou uma posisio extremamente<br />

importante nas manobras <strong>do</strong> poder medico. Ela foi ponto de apoio para a norma-<br />

Iiza~Zo <strong>da</strong> familia, em vkios senti<strong>do</strong>s. A escrava foi usa<strong>da</strong> contra a mulher, com o<br />

objetivo de cut 6-la e tornd-la responsive1 pela infelici<strong>da</strong>de, <strong>do</strong>en-a e morte <strong>do</strong>s fi-<br />

Ihos. Foi tambtm usa<strong>da</strong> eomo lente deforma<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> conduta sexual <strong>do</strong>s homens, que<br />

passaram aver em seu corpo o perigo <strong>da</strong>s <strong>do</strong>ensas venireas e <strong>da</strong> de eneraslo <strong>da</strong> prole.<br />

Enfim, os esrravoa em gerd, homens e mulheres, foram manipu~a80s de mo<strong>do</strong> a criar<br />

na famllia repulsa a sua pr6pria casa que, de lugar de abrigo e protes20, tornou-se,<br />

com a higiene, local de me<strong>do</strong> e suspei~90.<br />

.............................................................<br />

Essa vers9o medico- olitica <strong>do</strong> escravo coincidia corn o nlovimento econ8mieo<br />

que tendia a suprim;-tb <strong>da</strong> cena social. Corn efeito, o hlbito de ter escravos<br />

no servi~o <strong>do</strong>mCstico foi sen<strong>do</strong> dificulta<strong>do</strong> pelas mu<strong>da</strong>nfas rcon8micas e culturais<br />

por que passara o Brasil. Desde a extinp9o <strong>do</strong> trlfico negreiro, os escravos tornaram-<br />

-se mais caros r mais dificeis de obter. A familia a<strong>da</strong>ptava-se nlal a esta situas2o (...).<br />

A higiene, apontan<strong>do</strong> o escravo como um mal, refor~ava a ordem econBmica, ensinan<strong>do</strong><br />

a familia aprescindir dele. Transforman<strong>do</strong> a necessi<strong>da</strong>de em virrude, os mkdicos<br />

tornavam o ~nevithel, deseja<strong>do</strong>. @. 123-5)<br />

Essa 6 uma <strong>da</strong>s faces <strong>da</strong> questso <strong>da</strong> habitac;So, que diz respeito b<br />

cama<strong>da</strong>s <strong>do</strong>minantes <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de urbana, aquelas que puderam, efetivamente,<br />

desfrutar <strong>da</strong> "modernlza@o". Nesse terreno, a medicina social cumpriu<br />

muito bem seu papel, foi uma alavanca ideolc5gica $as mais eficazes.<br />

As novas gera~des de casas burguesas ou arlstocraticas que floresceram<br />

nos bairros residenciais ao norte e, pr~nap?lm:nte, ao sul <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de,<br />

incorporaram em sua estFtura e feipzo arqultetonica as normas e<br />

os preceitos estatui<strong>do</strong>s pelos hlglenutas. Ali, .distante <strong>do</strong> centro, transcorrerlam<br />

as novas relap8es burguesas de soaablll<strong>da</strong>de.<br />

Mas havia o reverso <strong>da</strong> me<strong>da</strong>!ha: desde que a mulher <strong>do</strong>s novos tempos<br />

s~bstituia~sua escravaria demestica por cria<strong>do</strong>s assalaria<strong>do</strong>s, seus antigos<br />

escravos incorporavam-se a numerosa, multrfor?le plebe proletariza<strong>da</strong><br />

que residia na area central. Mesmo que fosse para lr e vo,ltar, cotidlanamente,<br />

e prestar servi~os que antes estavam incorpora<strong>do</strong>s a econolnia natural<br />

<strong>do</strong>mkstlca <strong>do</strong> senhor.<br />

Assim, a contrapani<strong>da</strong> <strong>da</strong>s novas habita~des burguesas <strong>da</strong> orla <strong>da</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!