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Essas mesmas pessoas se espantam em saber que eu fiz uma verdadeira<br />

peregrinação jesuítica aos lugares em que Darwin viveu. Fui a Shrewsbury, entrei no<br />

quarto onde ele nasceu (a casa é uma repartição pública hoje em dia) visitei a escola<br />

onde estudou, o castelo medieval que existe diante dela, fui a Edimburgo, conheci a<br />

faculdade de Medicina, o estuário do rio Forth, onde ele fazia coletas assistido pelo<br />

professor Grant, um lamarckista fanático que depois se tornaria deputado<br />

revolucionário em Londres, além de sua escola em Cambridge, o Christís College, seus<br />

aposentos, sua segunda casa em Londres (a primeira delas, onde teve a ideia da seleção<br />

natural, foi demolida para a construção da garagem de um supermercado), sua casa em<br />

Downe, etc. Enfim, um roteiro de uma verdadeira macaca de auditório.<br />

Além disso, meu projeto de doutorado me levou a trabalhar com seus manuscritos<br />

originais, com sua biblioteca pessoal, seus escritos íntimos e até mesmo os de sua esposa,<br />

Emma, em Cambridge, Londres e Downe.<br />

Tenho anotadas as datas das menstruações de Emma por um período de mais de<br />

dez anos antes dela ter tido seu último filho. Ser um fã não significa ser um adulador, um<br />

cego do ponto de vista intelectual. Defendo uma aproximação crítica, procurando<br />

compreender o autor dentro do contexto que ele viveu, em sua época, com seus valores.<br />

Isso não significa que eu deva compartilhá-los, à moda de alguns de seus admiradores,<br />

como Robert Wright." 95<br />

Darwin e Macedo tem, portanto, a mesma ambição pelo vil metal; além, é claro, do<br />

interesse em tornar seus objetivos ideológicos "universais." Enquanto o primeiro fincou<br />

sua ideologia no materialismo filosófico, sob a égide do conceito de “sobrevivência do mais<br />

forte fisicamente”, este outro, por sua vez, estabeleceu suas idéias no conceito de<br />

“sobrevivência do mais forte espiritualmente.”<br />

Os pobres, para Darwin, eram fracos mentalmente, e de tal forma que os ricos, ou<br />

seja, os “mais hábeis”, deveriam abster-se de contrair matrimônio com os “mais fracos,<br />

evitando desta forma que a pobreza se propagassem para seus descendentes. Macedo, por<br />

sua vez, enxerga a pobreza não como resultado da desigualdade social e da má distribuição<br />

de renda, mas pela falta de fé. Quem, por alguma procela da vida, enfrenta a adversidade<br />

financeira, provavelmente tem algum pecado, ou, mais acertadamente na visão do Macedo,<br />

“está roubando a Deus.” Daí os rituais de chantagem emocional em seus cultos nas suas<br />

muitas igrejas. Paralelamente para Macedo, a pobreza é uma maldição hereditária, que, se<br />

não quebrada, pode prosseguir e ser transmitida às futuras gerações.<br />

Por tudo isso, metaforicamente pode-se afirmar que, em termos ideológicos Macedo<br />

é uma espécie de “darwinista social.” É claro, criacionista por convicção!<br />

É isso!<br />

Charles Darwin e Adolf Hitler:<br />

confronto ideológico<br />

Ideologicamente o que haveria de comum entre<br />

as idéias do ditador alemão e os conceitos do<br />

naturalista inglês?<br />

Seria possível estabelecer um confronto entre<br />

ambas as ideologias, e de tal maneira que se encontrem<br />

pontos em comuns em suas obras?<br />

Que ligação é possível fazer acerca do conteúdo<br />

ideológico de “Minha Luta”, de Adolf Hitler, e “A<br />

Origem do Homem”, de Charles Darwin?<br />

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