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incontestáveis lições, como aquelas que se pode extrair da mídia de um modo geral. Por<br />
exemplo, passando hoje pela seção de ciência do jornal Folha de São Paulo deparei-me<br />
com a seguinte manchete: “Perda de gene explica evolução de barbatana de peixe para<br />
membro.” 116<br />
Note-se que o verbo explicar, da forma como foi usado aqui está explicitando uma<br />
um fato que é dado como certo ou que realmente aconteceu. Não se usou o modo<br />
subjuntivo, que expressa incerteza e dúvida; mas o indicativo, que denota algo do qual não<br />
se pode duvidar. Todavia, mais adiante o “fato real” vem à tona, como demonstração do<br />
uso tendencioso da língua. Analisemos por partes:<br />
1."Descobrimos que não havia genes equivalentes em animais com membros, o que<br />
sugere que esses genes podem ter sido perdidos durante a evolução", explicou Akimenko<br />
à "BBC News.” Perceba que o resultado da pesquisa apenas sugere, ou seja, dar a<br />
entender de forma sutil, que tal hipótese pode ser verdadeira.<br />
2. "Os cientistas sugerem, em estudo publicado na revista "Nature", que a família<br />
antiga de genes persistiu em peixes ósseos e foi perdida quando eles evoluíram para<br />
animais de quatro patas.” Novamente o verbo sugerir (provocar a imaginação de,<br />
inspirar, fazer uma sugestão etc.) utilizado sorrateiramente, uma vez que o estudo<br />
realizado não pode ser testado empiricamente, já que dependeria do conhecimento dos<br />
supostos animais transicionais extintos.<br />
3. "O desenvolvimento de embriões pode fornecer importantes pistas genéticas sobre a<br />
evolução, pois muitas mudanças que ocorrem cedo no desenvolvimento de um animal se<br />
parecem com mudanças que se acredita terem ocorrido cedo na evolução." Observe que a<br />
locução verbal pode fornecer não oferece margem a certezas, mas tão somente a<br />
hipóteses, que podem ou não serem verdadeiras. O “se parecem” e o “se acredita” mais<br />
uma vez remetem à esfera de um fato ou ação que podem vir a ocorrer ou não.<br />
4. "A perda desses raios, segundo os cientistas, foi o passo principal no processo que<br />
transformou barbatanas de peixes em membros de animais.” A expressão “foi o passo<br />
principal”, embora contradiga o “sugere” ou o “se acredita”, foi utilizada como desfecho da<br />
matéria, remetendo à manchete inicial na qual a “certeza” parece tão certa quanto o<br />
resultado de 2 + 2 = 4.<br />
Eis aí mais uma faceta dessa ideologia altamente manipuladora, que nos tenta<br />
vender gato por lebre, ou melhor, peixe por réptil.<br />
É isso!<br />
O darwinismo e sua “cortina de ferro”<br />
Metaforicamente o darwinismo, em seus moldes<br />
atuais, assemelha-se tanto ao radicalismo religioso da Idade<br />
Média, quanto ao autoritarismo político do século XX, como<br />
aquele vivenciado na União Soviética, onde sempre deveria<br />
prevalecer um pensamento só. Durante a Inquisição,<br />
contradizer os dogmas da religião oficializada era como<br />
assinar a própria sentença de morte numa praça pública sob<br />
os exaltados gritos de “morra herege!”<br />
O darwinismo, por translação de sentido, mesclou a<br />
intolerância do Santo Ofício com o despotismo do regime de Stalin, Mao Tse Tung,<br />
Francisco Franco, António Salazar, Costa e Silva e Augusto Pinochet. Hoje, especialmente<br />
para aqueles que vivem da ciência, duvidar da Teoria da Evolução (não da “evolução” em<br />
si), é como optar a contragosto pelo ostracismo acadêmico quase absoluto. Basta lembrar,<br />
por exemplo, o conhecido caso de Mortimer J. Adler, um ilustre pensador, o qual após ter<br />
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